O Banco Central, sob o comando de Alexandre Tombini, divulgou, ontem, dados da atividade econômica brasileira que evidenciam a desaceleração do país. O documento da autoridade monetária, que projeta a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou alta acumulada de 4,52% nos 12 meses terminados em julho. No fim do ano passado, esse número estava em 7,80%. Entre junho e julho, a atividade registrou incremento 0,46%. Na comparação com igual período do ano passado, o crescimento foi de 3,37%. A despeito do arrefecimento da economia, a presidente Dilma Rousseff decidiu impor uma meta para o PIB neste ano: 4%. Ela afirmou que fará todo o esforço possível para alcançá-la, mesmo com o mercado apostando em aumento de 3,5%.
Na abertura do seminário Gestão de Compras Governamentais, Dilma reforçou que o governo federal está disposto a fazer o esforço necessário para que o Brasil mantenha um ritmo considerável de expansão. ;Nós vamos fazer um esforço para chegar a 4%, quatro e pouco;, disse. ;No segundo trimestre, vimos que (o salto do PIB) foi de 0,8%. No terceiro, ainda vai ser um pouco baixo e nós contamos com o último trimestre para dar um ressurgimento;, acrescentou.
Os economista não compartilham do otimismo presidencial e, depois da divulgação dos dados do Banco Central, estão revisando as projeções para baixo. ;Esperávamos 0,9% mas veio 0,46%, por isso vamos revisar. No ano, o crescimento do PIB está mais para 3,5%;, calculou Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra. A expectativa é de que a própria autoridade monetária revise para baixo suas projeções de crescimento no relatório de inflação a ser divulgada no fim do mês, provavelmente para algo mais alinhado com o mercado financeiro, entre 3% e 3,5%. Até agora, a previsão oficial do BC é de 4%.
Fraqueza
O Itaú Unibanco também divulgou seu indicador de atividade econômica, que veio semelhante ao do BC, registrou crescimento de 0,5% entre junho e julho e de 2,6% comparado a igual mês do ano passado. ;O crescimento da atividade na administração pública e a alta da produção na
indústria de transformação foram o destaque da elevação do PIB mensal na margem. No entanto, a aceleração observada em julho não deve ser uma tendência. Dados mais recentes sugerem fraqueza da atividade econômica;, avaliou Aurélio Bicalho, economista da instituição. ;Entendemos que a intensidade da desaceleração adiante dependerá, especialmente, da evolução do cenário internacional;, ponderou.
Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, avaliou que, apesar da desaceleração clara das atividade, não há justificativa para o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim de agosto. Ele explicou ainda que o ritmo menor da economia ainda não mostra uma contaminação devido a crise financeira internacional. ;Esses dados ainda são livres de crise, mas não trazem conforto para quem se surpreendeu com o corte na Selic;, observou.