Em um dia de aversão a riscos e receio de que boatos vindos da Grécia se tornariam reais, as bolsas de valores desabaram ontem. Além de um suposto anúncio de calote grego, que estaria sendo planejado para este fim de semana, e a Alemanha se preparando para o pior, os mercados reagiram também à saída de Juergen Stark do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE). O pânico ganhou força e impôs perdas generalizadas no mercado financeiro. O maior prejuízo do dia foi na Bolsa de Frankfurt, que recuou 4,04%. No Brasil, a Bolsa de São Paulo (BMF) foi a terceira praça com maior prejuízo entre os principais mercados globais: caiu 3,2% e fechou o pregão aos 55.778 pontos.
A despeito de alguns ganhos pontuais, a semana foi cruel para os investidores. A bolsa paulista ficou negativa em 1,33% no acumulado dos últimos cinco dias. No ano, as perdas chegaram a 19,52%. Quem apostou no mercado norte-americano também sentiu um gosto amargo: o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, tombou 2,2%. Outros importantes pregões da Europa registraram fortes quedas: Paris recuou 3,6%, Madri caiu 4,4% e Milão encolheu 4,9%.
Com tantos prejuízos disseminados pelo globo, o índice MSCI, que reúne as bolsas do mundo, também ficou negativo ontem. Recuou 3,04%. O indicador que reúne as principais ações europeias despencou 2,5%, influenciado ainda por temores de que o pacote de US$ 447 bilhões anunciado por Barack Obama enfrente obstáculos no congresso dos Estados Unidos. ;Mesmo se for aprovado, não é um valor tão grande a ponto de tirar os Estados Unidos do buraco;, sentenciou Mário Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora. Mas o pior é o receio de que a Grécia dê um calote. Uma publicação europeia afirmou que o país iria anunciar a restruturação de sua dívida ainda no fim de semana.
Socorro
;O setor bancário continua o algoz do mercado, com os investidores evitando a todo momento o que eles começam a perceber como uma virada da situação;, afirmou o presidente de vendas da Capital Spreads, Angus Campbell. Tamanho era o temor na Zona do Euro em relação à Grécia que o governo alemão chegou a preparar um plano de socorro às instituições financeiras para o caso de um calote. Para especialistas, os bancos possuem expressiva exposição a determinados países do bloco europeu e, com toda a instabilidade no continente, têm sofrido mais com a aversão dos investidores ao risco.
A preocupação é de que formuladores de política monetária não estejam fazendo o suficiente para evitar que as principais economias, a exemplo de Espanha, Itália e França, mergulhem em uma recessão. Os papéis do francês Société Générale despencaram 10,6%. Diante da aversão ao risco, houve nova corrida aos títulos do tesouro norte-americano com vencimento de 10 anos, considerados os mais seguros do globo. Com tanta procura, o rendimento oferecido despencou 3,4%. O ambiente de cautela no mercado internacional também impulsionou a cotação do dólar, que se elevou pelo sétimo pregão seguido e fechou o dia com alta de 1,08%, cotado a R$ 1,678.