Apesar de o Banco Central assegurar que a inflação está sob controle ao reduzir as taxas de juros por pressão do Palácio do Planalto, os indicadores mostram o contrário. A alta nos preços dos alimentos, principalmente dos produtos agropecuários tanto no atacado quanto no varejo, fez o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que corrige os contratos de aluguel, dobrar na primeira prévia de setembro. O indexador calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) teve alta de 0,43%, contra 0,22% registrado em igual período do mês anterior. No ano, a alta é de 3,93%, próxima da meta de inflação de 4,5% estabelecida pelo governo. Em 12 meses, o IGP-M acumula elevação de 7,23%.
Segundo os especialistas, os inquilinos devem preparar o bolso, pois a tendência do IGP-M é de alta. Como o indicador acompanha muito a variação dos preços dos produtos agrícolas, que estão em disparada, a tendência é de os reajustes dos contratos superarem os 8% no fechamento do ano.
[SAIBAMAIS]A elevação do IGP-M foi impulsionada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que refelete os custos do atacado: passou de 0,28% para 0,49% na mesma base de comparação. Desde janeiro, o IPA subiu 3,35% e, em 12 meses, 7,29%. O indicador agrícola avançou de 0,80% para 0,86%, puxado pela soja em grão (4,09%), pelo minério de ferro (2,97%), pelo café em grão (7,59%) e pelas aves (7,28%).
Os consumidores também estão penando, segundo a FGV. Tanto que o IPC, que mede os preços no varejo, saltou de 0,07% para 0,42%, com alta acumulada no ano de 4,51% e, em 12 meses, de 6,92%. Os custos do grupo alimentação saíram de uma queda de 0,25% na primeira prévia de agosto para uma alta de 0,6% em setembro. As maiores variações foram as do limão (52,32%), do mamão-papaya (9,80%), do leite longa vida (2,03%) e da alcatra (3,46%). Outro componente do IGP-M, o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC), foi na contramão e caiu de 0,16% para 0,10%. Mas no ano, a alta chega a 6,41% e, em 12 meses, a 7,6%.
Enquanto os preços dos produtos agrícolas continuam subindo, a produção de grãos caminha para novo recorde. A expectativa do Ministério da Agricultura é de que a safra deste ano cresça 9,2% e chegue a 162,9 milhões de toneladas. ;Estávamos prevendo um volume menor devido ao atraso do plantio da safrinha de milho pela demora das chuvas, mas os dados nos surpreenderam;, disse o secretário-executivo do órgão, José Carlos Vaz.
Nova política para o arroz
Apesar do aumento expressivo na produção de arroz, de 15,3%, para 13,8 milhões de toneladas, na safra 2010/2011, esse produto é uma das preocupações do Ministério da Agricultura. A queda no consumo devido à mudança do hábitos do brasileiro, que vem diversificando o cardápio é um dos motivos para que o governo tente encontrar uma saída para o estoque excedente do produto, que mantém o preço da saca de 50 quilos em torno de R$ 23, bem abaixo da média esperada, de R$ 28,50. ;Estamos conversando com o Ministério da Fazenda para criarmos uma política específica para o mercado de arroz;, disse o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.