WASHINGTON - O surpreendente movimento feito pelo Banco Central brasileiro de baixar sua taxa de juros em 31 de agosto é consequência da deterioração da situação econômica mundial, assegurou nesta quinta-feira um porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI). "A economia mundial está desacelerando rapidamente e os obstáculos (para o crescimento) aumentam", afirmou o porta-voz do FMI, Gerry Rice.
"Segundo entendemos, o Banco Central brasileiro considerou os riscos enfrentados pelas perspectivas brasileiras no momento de tomar essa decisão", disse Rice, sem detalhar se essa estratégia conta com a aprovação do FMI.
O Banco Central do Brasil surpreendeu os mercados financeiros ao reduzir em meio ponto percentual a taxa de juros do país, uma das mais altas do mundo, para 12% ao ano na semana passada, apesar das pressões inflacionárias.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou "positiva" a decisão do Banco Central e negou que tivesse sido tomada sob pressão por parte do governo. "O Comitê de Política Monetária (do Banco Central) não sofre nenhuma pressão política, tem autonomia, julga os cenários e toma decisões", disse Mantega em breves declarações a jornalistas.
Além disso, o Banco Central estimou nesta quinta-feira que a inflação deixará de subir no atual trimestre, para iniciar um ciclo de queda que pode levá-la para a meta de 4,5% até o fim de 2012.
Rice assegurou que a estratégia do Brasil foi motivada por preocupações econômicas reais. "A situação econômica, no nível mundial, deteriorou-se e os riscos aumentam, e isso é o que dissemos" até agora, completou Rice em coletiva de imprensa.