Acompanhando o que vem ocorrendo na economia brasileira, que passa por um brusco freio, o nível de atividade da construção civil apresentou desaceleração pelo segundo mês seguido. Sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que, numa escala de zero a 100 pontos, as empresas consultadas recuaram de uma média de 52,4 em junho para 51 em julho. Em maio, era 53,1. Uma pontuação acima de 50 indica expansão e expectativa positiva. De janeiro a abril, o setor apresentou queda no ritmo, com indicadores abaixo de 50 pontos.
;A construção começou o ano com intensidade menor e depois se recuperou. Torcemos para que a diminuição da velocidade nos últimos meses seja resultado apenas de fatores conjunturais e não estruturais;, comentou Danilo Garcia, economista da CNI. Ele explicou que o crescimento moderado em julho, superior ao de igual período do ano passado, foi causado, sobretudo, pela queda da atividade das pequenas construtoras, que registraram 47 pontos. Na mão inversa, as empresas de grande porte tiveram expansão, registrando 54,8 pontos.
As médias seguiram em crescimento moderado, com 51 pontos. ;Em geral, o tamanho da empresa é proporcional à sua capacidade de reação ou resistência;, disse Garcia, lembrando ainda que a construção é o último setor a sentir efeitos de políticas econômicas restritivas. A CNI pesquisou 455 empresas entre 1; e 16 de agosto, sendo 212 delas de pequeno porte, 180 médias e 63 grandes.
De toda forma, o levantamento aponta para leve recuo no otimismo dos empresários. A expectativa deles para os próximos seis meses segue acima dos 50 pontos, mas recua na comparação com os números de julho. Houve queda nas projeções sobre nível de atividade, novos empreendimentos e compras de matérias-primas, além de número de empregados.
Outros elos da cadeia da construção também veem perda de ritmo nos negócios este ano. A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) informou ontem que reduziu sua projeção de crescimento das vendas para 2011 de 8,5% para 6%. A expectativa já havia sido cortada em março, quando a previsão era de 11%. No ano passado, as vendas do setor cresceram 10,6%, somando R$ 49,8 bilhões.
Aposta
;Essa previsão é mais uma torcida do que uma projeção técnica. Os desempenhos de agosto e de setembro serão decisivos para concretizar a estimativa;, afirmou Cláudio Conz, presidente da Anamaco. Para ele, a aposta reflete o desempenho irregular das vendas nos últimos meses. Conz acredita em uma alta ainda menor em 2012, próxima a 5%. ;No momento, acirra-se a discussão sobre preços em todos os segmentos. O varejo não consegue repassar a alta de custo dos materiais;, sublinhou.
S revisa perspectiva
A agência de classificação de risco Standard & Poor;s, que rebaixou os Estados Unidos três semanas atrás gerando nervosismo no mercado, revisou ontem a perspectiva da dívida interna brasileira de estável para positiva. A expectativa dos títulos em moeda estrangeira continuou positiva. Isso significa que as notas, que já dão ao Brasil o status de porto seguro para investimentos, podem ser elevadas a qualquer momento. O mais comum é que, depois de um movimento como esse, a promoção se dê em até 18 meses. Em nota, a S atribuiu a mudança feita ontem a alterações na metodologia do cálculo. ;Um contínuo compromisso em atingir as metas fiscais, com uma política monetária prudente, que contém as expectativas de inflação, pode gradualmente preparar o terreno para uma confiança maior dos investidores;, assinalou o texto.