Nova York - O promotor de Nova York pediu nesta segunda-feira (22/8) ao juiz encarregado do caso de agressão sexual contra o ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn que retire todas as acusações e arquive o processo, uma decisão duramente criticada pelo advogado da denunciante.
Se o juiz do Tribunal Penal de Manhattan, Michael Obus, aceitar o pedido do promotor Cyrus Vance na audiência prevista para terça-feira, tal como se prevê, Strauss-Kahn poderá retornar imediatamente à França.
O pedido do promotor confirma os rumores que circulavam há semanas e supõe uma virada completa deste caso iniciado em 14 de maio com a denúncia de uma funcionária de hotel contra Strauss-Kahn por tentativa de estupro e agressão sexual.
"Recomendamos respeitosamente que a acusação seja desconsiderada", destaca o documento enviado pelo gabinete do promotor do distrito de Manhattan ao juiz.
O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 62 anos, e a camareira de hotel Nafissatou Diallo tiveram relação sexual, mas as mentiras desta última foram "devastadoras" para o processo, afirma Vance no texto de 25 páginas ao qual a AFP teve acesso.
Segundo Vance, os "depoimentos falsos" da denunciante e seu "efeito cumulativo" seriam "devastadores" frente a um júri.
Pouco antes, os promotores tinham se reunido com a denunciante para informá-la de sua decisão de retirar as sete acusações contra o réu.
A iniciativa de Vance foi duramente criticada pelo advogado de Diallo, Kenneth Thompson, que o acusou de "negar o direito de uma mulher em obter justiça em um caso de estupro", em breves declarações à imprensa na porta do tribunal.
Os advogados de Strauss-Kahn disseram que seu cliente estava "muito grato" após os promotores de Nova York terem concluído que "este caso não pode continuar".
"Dissemos desde o início deste caso que nosso cliente era inocente", afirmaram os advogados William Taylor e Benjamin Brafman em comunicado.
Libertado em 1 de julho depois de passar vários dias na prisão e semanas em uma rígida prisão domiciliar, Strauss-Kahn negou as acusações desde o início, mas mesmo assim estas o levaram a renunciar da direção do FMI e destruíram suas aspirações políticas para se apresentar como candidato às presidenciais francesas de 2012.
Vance já tinha divulgado em uma audiência no fim de junho que a suposta vítima havia mentido em várias ocasiões para os investigadores sobre seu passado e sobre o ocorrido.
Diallo também se negou a admitir uma conversa por telefone - que tinha sido gravada - com um amigo que estava na prisão, um dia depois de sua denúncia. Na conversa, falava sobre o fato de Strauss-Kahn ser rico.
Em meio ao manifesto distanciamento entre o promotor e a denunciante, Kenneth Thompson decidiu expor sua cliente à imprensa para tentar manter a atenção da opinião pública e forçar Vance a não abandonar o caso.
O encerramento do processo penal não acaba com o processo nos Estados Unidos, já que Nafissatou Diallo apresentou uma denúncia diante da Justiça Civil nos tribunais de Bronx para exigir uma compensação econômica.
Para os advogados de defesa de Strauss-Kahn, a suposta vítima queria apenas "ganhar dinheiro", algo que a seu ver ficou provado com a ação civil.
Strauss-Kahn é alvo também de uma denúncia por tentativa de estupro na França, apresentada pela escritora Tristane Banon.
A ação de Banon, apresentada depois dos fatos de Nova York, refere-se a uma agressão que teria ocorrido em 2003.