A crise econômica internacional que afeta mais fortemente os Estados Unidos, a Europa e o Japão, ;pode ser uma oportunidade para mudar intensamente a política monetária; brasileira, a começar por uma ;redução sensível; da taxa básica de juros (Selic), de acordo com o coordenador de Finanças Públicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Claudio Hamilton. A análise consta de comunicado divulgado nesta quinta-feira (18/8) pelo Ipea.
Segundo ele, o Brasil tem mais condições para enfrentar a instabilidade mundial do que a maioria dos países, mas deveria redirecionar a economia nacional para ;além das rendas financeiras;, de modo a impulsionar a produção. Hamilton avalia que o país não pode permitir a erosão das reservas, hoje avaliadas em US$ 352,375 bilhões, nem a recessão, que pode trazer desemprego e corte de aumentos reais dos salários.
Com o aumento das incertezas no mercado internacional, devido à intensificação da crise, Hamilton enfatizou que aumenta a necessidade de ações mais fortes para estimular a competitividade da indústria brasileira, prejudicada pela desvalorização cambial, que torna muitos produtos importados mais baratos que os nacionais.
O coordenador de Finanças Públicas do Ipea avalia ainda que, com as contas públicas sob controle e os grandes bancos funcionando em bases sólidas, sem interrupção dos canais de crédito, a economia brasileira tenha condições de enfrentar os efeitos da atual crise econômica com mais tranquilidade do que ocorreu em 2008, quando a crise financeira mundial foi deflagrada.
O economista ressalta que parece ser provável que a redução da taxa básica de juros devido a dois fatores: a sinalização, por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em sua última ata, de que o ciclo de aperto monetário pode ter chegado ao fim; e ainda o recrudescimento da crise econômica nos países desenvolvidos, que reduz o ritmo de crescimento da atividade produtiva lá fora e do aumento da inflação no país.
Hamilton destaca, ainda, que a China, Índia e o Brasil ;parecem estar fora do cenário de crise; e os mercados futuros indicam queda dos juros.