Pequim - A inflação alcançou seu maior nível em três anos na China, mas este indicador politicamente sensível deve baixar no segundo semestre, quando o impacto das medidas governamentais começar a ser sentido, estimaram nesta terça-feira (9/8) vários economistas.
No entanto, alguns analistas consideram que a crise da dívida nos Estados Unidos e nos países europeus ameaça limitar a possibilidade de que Pequim endureça ainda mais sua política monetária para combater o aumento de preços.
O índice de preços ao consumidor, a maior preocupação do governo chinês, chegou a 6,5% ao ano em julho, anunciou nesta terça-feira o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).
Este dado representa o maior aumento desde junho de 2008, embora a inflação de junho passado já tenha chegado a 6,4%, apesar do objetivo do governo ser de 4% para o ano.
O dado de julho não faz mais do que reforçar a preocupação do governo pelo risco social e político causado pelo forte aumento dos preços. O fosso entre ricos e pobres se aprofunda perigosamente na China e o aumento dos preços consome a colossal poupança da população.
Este indicador também pode aumentar a preocupação dos líderes chineses diante dos riscos de instabilidade na segunda maior economia mundial, no momento em que o vento do pânico sacode os mercados financeiros depois da degradação da nota dos Estados Unidos e da crise da dívida em grandes países europeus.
O aumento dos preços dos alimentos - que afeta especialmente as classes mais pobres, cujo orçamento para a alimentação representa mais de um terço do total, segundo a ONS - foi em julho de 14,8%.
Nestes últimos meses, houve grandes mobilizações sociais na China para protestar contra a alta dos preços nas grandes cidades, em particular de taxistas ou motoristas de caminhão pelos altos preços dos combustíveis.
O primeiro-ministro Wen Jiabao teve que anunciar em junho que iria manter a alta dos preços abaixo de 5% este ano, depois que várias medidas adotadas por seu governo para tentar controlar a inflação não surtiram efeito.
O banco central subiu cinco vezes desde outubro as taxas de juros e, em diversas oportunidades, as reservas obrigatórias dos bancos, limitando o dinheiro que as instituições podem emprestar.
Mas se os dados do mês passado não são bons, os analistas consideram em sua maioria que a inflação está próxima de seu máximo na China e deve cair um pouco no segundo trimestre, quando as medidas governamentais começarem a dar frutos.
"O elemento alentador para os dados de hoje é que a inflação do mês está apenas um pouco mais alta, depois do grande salto do mês anterior", declarou à AFP Brian Jackson, analista chefe do Royal Bank of Canada.
O índice de inflação em junho subiu a 6,4%, depois dos 5,5% em maio.
Alguns analistas preveem que a China deve adiar novas altas das taxas de juros para não ameaçar o crescimento, até que a situação mundial se estabilize.