Jornal Correio Braziliense

Economia

BCE vai tentar acalmar os mercados comprando mais dívida pública

FRANKFURT, 7 agosto 2011 (AFP) - O Banco Central Europeu (BCE) anunciou neste domingo à noite que vai tentar acalmar os mercados comprando mais dívida pública de países da Zona do Euro em dificuldades no mercado secundário, onde são negociados os títulos já emitidos.

"O BCE vai aplicar ativamente o seu programa (de compra de obrigações no mercado secundário)", ressaltou em um comunicado, sem indicar a dívida de qual país planeja comprar, no momento em que os mercados esperam que intervenha nas obrigações italianas e espanholas.

A instituição monetária de Frankfurt saudou os anúncios dos governos italiano e espanhol "relativos a novas medidas e reformas nos domínios das políticas orçamentárias e estruturais".

O BCE considera necessária "uma rápida aplicação" desses programas para melhorar a competitividade das economias dos países envolvidos "e reduzir rapidamente seus déficits públicos".

O Parlamento italiano adotou no dia 15 de julho um plano de austeridade reforçado de cerca de 48 bilhões de euros para manter o país a salvo da crise da dívida. Mas após uma semana de turbulências, o chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, anunciou na sexta-feira a aceleração das medidas previstas no projeto de orçamento para os três próximos anos, "com o objetivo de atingir o equilíbrio orçamentário em 2013, em vez de 2014".

Na quinta-feira, o BCE havia anunciado a retomada desse programa de compra de obrigações, adotado no outono de 2010 (hemisfério norte) frente às graves dificuldades da Grécia, mas em ponto morto há mais de quatro meses.

Mas as declarações de seu presidente Jean-Claude Trichet levaram a entender que a instituição estava dividida a respeito dessa decisão tinha preocupado os mercados, assim como sua recusa em dizer se as obrigações espanholas e italianas estavam incluídas nessas compras.

Segundo parte da imprensa, os representantes da Alemanha no Conselho dos Governadores, o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, e o economista-chefe Jürgen Stark, em particular se opuseram a esta medida.

Mesmo que o BCE finalmente consiga superar suas disputas internas frente a uma ameaça de afundamento das bolsas, em razão também do rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos pela Standard and Poor;s, ele manteve o pedido aos chefes de Estado e de governo europeus para que "honrem seus compromissos soberanos".

Ele também pediu que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FESF) possa rapidamente intervir no mercado secundário, como havia sido decidido em uma cúpula em Bruxelas no dia 21 de julho.

À tarde, o presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel anteciparam esse apelo, reiterando "seu compromisso para colocar em prática plenamente" as medidas do acordo sobre a Zona do Euro concluído em Bruxelas.

Eles insistiram principalmente na ampliação das possibilidades de ajuda aos países frágeis via FESF, declarando que desejavam que os parlamentares de seus dois países autorizem essas medidas "antes do final de setembro".

A França já anunciou uma sessão extraordinária de seu Parlamento de 6 a 8 de setembro.

Paris e Berlim também mostraram-se "confiantes" em relação à "análise do BCE", que será "a base adequada para as intervenções no mercado secundário", como também havia sido decidido em 21 de julho.

As autoridades do G20, que reúne as principais economias do planeta, realizaram neste domingo uma teleconferência, segundo um alto funcionário sul-coreano. Essa reunião foi antecedida à noite por uma teleconferência dos ministros das Finanças dos países do G7, envolta em grande mistério.