Jornal Correio Braziliense

Economia

Agências divergem sobre nota da dívida norte-americana

Brasília - As principais agências de classificação de risco do mundo não estão afinadas sobre a avaliação da dívida norte-americana. A agência Standard & Poor;s (S) reafirmou a decisão anunciada na última sexta-feira e disse, hoje (7), que existe uma chance em três de que a nota de risco dos Estados Unidos (EUA) seja novamente rebaixada nos próximos seis a 24 meses. Já a Moody;s considera a decisão precipitada.

Na última sexta-feira, a Standard & Poor;s rebaixou de AAA para AA%2b a nota dos Estados Unidos, aumentando, assim, o nervosismo nos mercados e a perspectiva de uma queda generalizada das principais bolsas mundiais.

"Se a situação fiscal se degradar ainda mais ou o impasse político se acentuar, isso pode levar a um novo rebaixamento;, disse, em entrevista à rede ABC News, o diretor-geral da Standard & Poor;s, John Chambers. Ele explicou, ainda, que vai demorar para que os Estados Unidos recuperem a nota AAA, a classificação máxima no ranking da agência.

Já a Moody;s julgou ;prematura; a decisão de rebaixar a nota de risco do país. ;Achamos prematuro, já que eles [os congressistas norte-americanos] chegaram a um acordo para a redução do déficit", declarou, ao New York Times, o principal analista da dívida dos EUA, Steven Hess.

;Apesar de um contexto político conflituoso e das dificuldades em se chegar a um consenso, mesmo que não seja o ideal, eles conseguiram fechar um acordo que consideramos uma reviravolta na política fiscal dos Estados Unidos;, completou.

Já a Fitch, que completa o seleto clube das principais agências de rating mundiais, estaria avaliando a situação fiscal norte-americana, segundo afirmou o jornal New York Times, ontem. O diretor de classificação da agência, David Riley, se recusou a dizer quando uma decisão será tomada. ;Nossa nota é o A triplo até que seja alterada;, afirmou.

Os Estados Unidos criticaram a decisão da Standard & Poor;s. Na sexta-feira, o Departamento do Tesouro norte-americano acusou a agência de ter cometido um erro de US$ 2 trilhões em seus cálculos para rebaixar a nota. Segundo o Tesouro, o erro elevava as projeções do déficit norte-americano em US$ 2 trilhões.

A agência trabalhava com um cenário em que a dívida chegaria a 93% do Produto Interno Bruto (PIB) em dez anos, mas, pelos cálculos atuais do Congresso, a relação seria de 85%, diferença de US$ 2 trilhões.