Jornal Correio Braziliense

Economia

Importações continuarão crescendo mesmo com medidas de estímulos no Brasil

Rio de Janeiro ; Mesmo com todas as medidas de estímulo à indústria brasileira, o país vai continuar importando muito, na opinião do economista Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em entrevista à Agência Brasil, Castelar afirmou que, enquanto as economias mundiais estiverem crescendo pouco e o Brasil mantiver um crescimento relativamente forte, com a indústria operando com a capacidade em um patamar alto e com câmbio favorável, as importações vão continuar crescendo.

;A força do câmbio é muito grande e, em parte, muito favorável à indústria [brasileira], que vem importando aparelhos e máquinas a preços bastante atraentes, o que tem permitido uma modernização do setor industrial brasileiro;, disse o economista, ao lembrar que a pesquisa e o desenvolvimento, no setor de máquinas e equipamentos, são concentrados em poucos países. ;É importante completar a produção doméstica com produtos importados.;

Apesar da previsão de continuidade de crescentes entradas de produtos de fora no mercado brasileiro, Castelar acredita que as medidas anunciadas hoje (2), pela presidenta Dilma Roussef, vão ajudar a indústria brasileira a se fortalecer e superar os impactos que vêm sofrendo com a valorização do real, diante da baixa do dólar.

Ele destacou ainda o anúncio da desoneração da folha de pagamento dos setores calçadista, têxtil e moveleiro. Para o economista, a seleção destes três setores como passo inicial para a implementação da medida é o ideal, considerando o objetivo do governo de compensar a perda de competitividade pela valorização do câmbio. Mas a desoneração, na avaliação de Castelar, precisa ser discutida para além da questão cambial e pode ser ;testada; em outros setores.

Para o economista, a desoneração da folha é uma das decisões de maior relevância para a economia brasileira. ;Vai ser uma mudança importante não apenas na política industrial, mas também na forma de financiamento da Previdência, no custo de mão de obra no Brasil, na formalidade e informalidade. A informalidade pode cair muito rapidamente no Brasil se [a tributação] passar para o faturamento, tirando da folha;.