O ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que o governo está preparado para tomar todas as ações necessárias para conter o derretimento do dólar e evitar distorções no mercado brasileiro. Ao detalhar as medidas tomadas pelo governo na área cambial, entre elas, a taxação em até 25% das operações com dólar nos mercados futuros (derivativos), o ministro disse que, além de conter a especulação, o governo dará transparência aos negócios. Hoje, boa parte das operações com derivativos são fechadas nos mercados de balcão, sem registros, elevando os riscos de prejuízos a empresas e bancos em caso de alguma mudança brusca nos preços da moeda norte-americana.
"A maioria (desses negócios) é feita no mercado de balcão. Agora, estamos obrigando o registro dessas operações de derivativos que são feitas fora da BM e da Cetip. Isso dará maior transparência ao volume de derivativos que está sendo montado", disse Mantega, detalhando um decreto e uma Medida Provisória (MP) publicados hoje. "De imediato são duas medidas: obrigatoriedade de registro das operações de balcão e pagamento de 1% de IOF sobre as posições vendidas que superarem as compradas. Dessa maneira, estaremos punindo, cobrando um pedágio das posições vendidas em excesso."
Segundo o ministro, as empresas e as instituições financeiras que estiveram operando basicamente para se protegerem de oscilações cambiais, ou seja, com negócios casados na ponta de compra e na ponta de venda, não sofrerão nenhuma taxação. Ele destacou ainda que o governo fechou uma brecha sobre a regra já adotada que impunha IOF de 6% sobre captações no exterior de curto prazo (inferior a 720 dias)."Aqueles que tomaram (empréstimos) acima de 720 dias, mas liquidam a operação antes vão ter que pagar. São os que estão tentando enganar", afirmou. "Não é uma terceira medida, é apenas um aperfeiçoamento da medida anterior.", emendou.
Mantega disse esperar que as medidas anunciadas hoje "retirem uma parte do ganho das aplicações especulativas no mercado de câmbio". Assim, o efeito, segundo ele, poderá ser um freio na queda da cotação do real frente ao dólar, que ontem chegou a R$ 1,536, o menor nível desde 18 de janeiro de 1999. Segundo o ministro, o preço do dólar está derretendo no mundo todo nesta semana, pressionado pelo impasse no aumento do teto do endividamento público dos Estados Unidos. "Tem gente vendendo títulos americanos em todo lugar. Aí, abaixa o preço do dólar. No Brasil, a queda é forte porque se somam outras pressões. O país está mais sólido, não oferece riscos e tem um mercado mais organizado. Tudo isso atrai investidores especulativos. Por isso, esperamos que as medidas de hoje retirem uma parte dos ganhos dos especuladores", assinalou.
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