Jornal Correio Braziliense

Economia

Secretário americano do Tesouro quer afastar crise 'ao menos até eleições'

Washington - O secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner, afirmou neste domingo que é preciso afastar a ameaça de um ;default; de pagamento dos Estados Unidos nos próximos 18 meses, num momento em que parlamentares republicanos e democratas se mostram incapazes de chegar a um acordo, a nove dias da data-limite para o aumento do teto da dívida.

"É preciso tirar (esta questão) da arena política", destacou Geithner, fazendo alusão à campanha para a eleição presidencial de novembro de 2012, segundo um texto parcial de uma entrevista que será divulgada ainda neste domingo pelo canal CNN.

O presidente Barack Obama e a liderança política americana ainda buscavam, neste domingo, um acordo que permitisse aos Estados Unidos evitar cair em moratória de sua dívida - uma situação que poderá acontecer a partir de 2 de agosto, quando o governo ficará sem recursos para pagar suas contas.

O republicano John Boehner disse ter esperanças de estabelecer as bases de um acordo ainda hoje, horas antes da abertura dos mercados asiáticos.

Depois de semanas de difíceis negociações para aumentar os 14,3 trilhões de dólares do limite legal de endividamento do país, os políticos "levaram o assunto muito longe, francamente", declarou Geithner.

Obama quer que o Congresso aumente o limite do endividamento para que a administração siga pagando suas contas, mas os republicanos têm exigido cortes drásticos do gasto sem aumento de impostos para frear o déficit.

O governo alcançou o teto legal da dívida federal no dia 16 de maio, mas tem utilizado os ajustes de contabilidade, assim como a arrecadação tributária maior do esperado, para seguir funcionando normalmente até o momento.

Líderes financeiros e de negócios têm advertido que o fracasso em elevar o teto da dívida americana poderá ter repercussões negativas na economia mundial, enquanto que Obama já anunciou que o descumprimento daria lugar a um "armagedom" econômico.

Conversações prévias colapsaram na sexta-feira, em meio à acusações dos republicanos a Obama por ele insistir no aumento dos impostos. O setor conservador Tea Party, cujos novos membros da Câmara foram eleitos sob o lema de colocar ordem no governo e de evitar novos impostos, tem exercido uma enorme influência nas negociações.

O secretário de Negócios britânico, Vince Cable, um democrata liberal e um dos membros mais diretos da coalizão do governo da Grã-Bretanha, culpa a direita conservadora pela estagnação das negociações.

"A ironia da situação neste momento é que a maior ameaça para o sistema financeiro mundial provém de alguns loucos da direita no Congresso dos Estados Unidos mais que a crise da Zona Euro", disse Vince Cable neste domingo à BBC.

O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, disse a sua bancada que esperava um acordo ainda na tarde deste domingo para acalmar os investidores, sobretudo na Ásia. Boehner tinha previsto falar com os membros de seu partido no domingo às 16H30 local (17H30 de Brasília), disse uma fonte do partido.

Boehner disse que as ásperas negociações se concentram no corte em duas etapas de 3 e 4 trilhões de dólares no gasto público ao longo de 10 anos, como parte de um acordo para elevar o limite da dívida antes do vencimento do prazo.

Obama, assim como Geithner, pediu um único aumento que dure até novembro de 2012, quando buscará um segundo mandato nas eleições.