Jornal Correio Braziliense

Economia

A escalada dos preços, enfim, dá sinais de trégua ao bolso dos brasileiros

A inflação medida pelo IPCA-15, uma prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que é o indicador oficial, registrou variação de 0,10% em julho. Foi o menor nível desde agosto do ano passado. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado e representa uma desaceleração de 0,13 ponto percentual. Com isso, o acumulado do ano chegou a 4,2%. Brasília, contudo, foi a cidade com a carestia mais alta do país no período (0,31%), puxada pelo aumento no preço dos transportes.

No Brasil, o destaque ficou por conta da redução nos preços dos alimentos, de 0,39%. Essa deflação foi influenciada pela queda dos alimentos no domicílio (-1,01%) em julho, ante -0,18% em junho. Além disso, teve impacto um corte na tributação federal sobre bebidas, com desaceleração da inflação no item bebidas e infusões, de 1,22% para 0,16%. Outro fator que pesou para o recuo nos itens alimentícios é que, nesta época do ano, há maior disponibilidade de carnes no mercado, movimento que deve se inverter nos próximos meses devido à entressafra do pasto, com previsão de aumento no valor desse produto.

José Góes, analista econômico da corretora Wintrade, calcula que, se a desaceleração inflacionária se mantiver, o IPCA deverá fechar 2011 em 6,1%, abaixo do teto da meta estipulada pelo governo, que é de 6,5%. ;O interessante este mês é que a deflação nos alimentos se espalhou para outros setores, o que pode indicar um refresco para o bolso dos brasileiros;, explicou.

Além dos alimentos, os preços dos grupos habitação e vestuário diminuíram o ritmo de alta. As despesas com moradia registraram elevação de 0,28%, contra 0,72% no mês passado. Entre os itens que influenciaram o resultado, está a queda de 0,19% nos condomínios. Nesse grupo, também encolheu o reajuste do aluguel residencial (de 0,84% para 0,46%). Já o gás de botijão teve deflação de 0,24%. Entre os artigos de vestuário, a inflação saiu de 1,28% em junho para 0,15% em julho.

Apesar do alívio, o Banco Credit Suisse aposta em uma nova alta de preços. ;É pouco provável que ocorra um recuo expressivo da inflação ao consumidor nos próximos trimestres;, descreveu a instituição em relatório enviado aos investidores. A projeção do banco é que, nos próximos meses, a inflação de serviços vai superar 9% no acumulado em 12 meses, puxada pelas mensalidades escolares.

Serviços
Na comparação mensal, a inflação de serviços ficou praticamente estável, com 0,54% em junho e 0,51% em julho. O Credit Suisse destacou, contudo, que a escalada da inflação no item empregado doméstico, de 0,33% para 1,26%, sugere um forte impacto sobre a inflação de serviços causado pela elevação da renda dos brasileiros.

;O recuo na escalada dos preços pode ser um indício de que a atividade econômica tenha desacelerado, mas ainda é cedo para afirmar se isso é uma tendência. O risco de que os preços voltem a subir e a inflação ultrapasse o teto da meta não está descartado;, argumentou José Góes.

Os preços administrados pelo governo também diminuíram o ritmo de alta: de 0,12% para 0,04%. Nas tarifas públicas, o destaque ficou com a perda de fôlego das passagens aéreas, de 12,85% para 3,14%. O recuo de 2,47% dos combustíveis também contribuiu. No entanto, a inflação dos bens industriais aumentou de 0,16% para 0,25%.