A instabilidade econômica internacional, provocada principalmente pela dificuldade dos Estados Unidos de honrar os compromissos da dívida pública, aponta incertezas ao cenário brasileiro. Segundo o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Denis Gimenez, este não é um ;momento para brincadeiras;. Para sair ileso da crise, o professor sugere que o Brasil use "todas as armas que tem".
;Vamos sofrer, mas temos como nos defender. Se nós não fizermos barbeiragem, acho que podemos passar por essa turbulência com boas condições;, disse. Para ele, a melhor alternativa para preservar a indústria nacional seria a adoção de barreiras protecionistas. ;Acho que vamos ter que adotar medidas de proteção ao mercado interno. É muito difícil resistir à concorrência internacional, sem nos defendermos com todas as armas que temos. Não podemos entrar em uma batalha desse porte, simplesmente, fazendo defesa ideológica do livre mercado;, completou.
As opiniões do professor foram dadas no Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, hoje (19), em Brasília. O evento faz parte do 2; Encontro Nacional dos Fóruns Regionais, que segue até a próxima quinta-feira (21).
Para o diretor do Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Sergio Nunes, medidas protecionistas precisam de contexto mais amplo para serem aplicadas. ;É muito patriotismo querermos preservar interesses da indústria nacional, mas não é uma medida simples;, disse.
Ambos concordam, porém, que a instabilidade econômica afasta micro e pequenas empresas do comércio exterior. ;É um terreno perigoso tomar dólar agora no mercado internacional, não é o momento. Até mesmo grandes empresas que tomaram dinheiro a juros menores podem ter problemas nesse atual cenário;, disse o professor de economia. ;O atual momento do câmbio não ajuda, está difícil para o micro e pequeno empresário competir internacionalmente;, emendou o diretor do MDIC.
No entanto, a inserção não está descartada no longo prazo. ;Antes, os micro e pequenos empresários não exportavam porque não conheciam o processo. Agora, eles buscam especialização, seja por melhora na qualidade dos produtos ou por aumento na escala de produção;, argumentou Sergio Nunes.
Para ajudar nesse processo de internacionalização das companhias de menor porte, o professor da Unicamp defende a oferta de crédito diferenciado. ;Precisamos produzir projetos que possam se converter em investimentos. Com o câmbio valorizado, importados invadem o mercado interno num cenário de concorrência muito acirrado. A sustentação da expansão do crédito é caro às pequenas empresas. Precisamos de uma perspectiva para os próximos anos que sustente o ritmo de expansão com crédito diferenciado;.