Roma - O Parlamento italiano deu nesta sexta-feira (15/7) o sinal verde definitivo para um plano de austeridade reforçado que tem como objetivo evitar um contágio da crise da dívida na Itália e proteger o país do ataque dos mercados, à espera dos resultados dos testes de resistência aos quais 91 bancos europeus foram submetidos.
Depois de ter sido adotado na quinta-feira (14/7) pelo Senado, este plano de austeridade de cerca de 48 bilhões de euros foi votado de maneira definitiva à tarde pela Câmara dos Deputados com 316 votos a favor, 284 contra e duas abstenções, uma rapidez inédita na história da Itália, e que foi considerada um "milagre" pelo presidente da República Giorgio Napolitano.
A Itália, atacada pelos mercados há uma semana, tinha que acelerar a adoção deste plano porque uma propagação da crise da dívida para o país poderá colocar de joelhos toda a Zona do Euro, onde a Península é a terceira maior economia.
O plano de austeridade desencadeou uma tempestade de protestos no interior do país. "Este plano é mais uma porcaria, ele atinge os pobres", denunciou nesta sexta-feira em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera Antonio Martino, ex-ministro da Defesa de Silvio Berlusconi.
A presidente da organização patronal Confindustria, Emma Marcegaglia, denunciou um plano "baseado principalmente em um aumento dos impostos".
A Itália é o alvo dos mercados em razão de sua enorme dívida pública de 1,9 trilhão de euros, que representa cerca de 120% do PIB, o que aumenta perigosamente o custo de um empréstimo para o país.
Entre as medidas destinadas a reduzir o déficit estão o lançamento de um plano de privatizações em 2013, o congelamento dos salários e dos funcionários terceirizados, além das condições mais severas para os aposentados.
O Banco da Itália, que revelou ligeiramente suas previsões de crescimento para 2011, de 0,9% para 1%, considerou que, se a crise da dívida persistir, haverá um "custo considerável".
"A enorme dívida pública continua sendo o ponto mais vulnerável da economia italiana, particularmente em um clima de forte incerteza e de temor dos mercados", ressaltou em uma entrevista concedida ao La Repubblica o comissário europeu de Relações Econômicas, Olli Rehn.
Mencionando a possibilidade de uma reunião de cúpula extraordinária dos países da Zona do Euro nos próximos dias, Rehn assegurou que "intensas negociações estavam em curso sobre as medidas a serem tomadas em favor da Grécia e para evitar o contágio".
"Caberá ao presidente (da União Europeia Herman) Van Rompuy decidir sobre a convocação ou não da cúpula extraordinária", acrescentou Rehn, ressaltando, entretanto, que "ninguém tem uma varinha mágica e todas as soluções apresentando vantagens e inconvenientes".
A Alemanha se declarou nesta sexta-feira oposta à organização a qualquer preço de uma reunião europeia nos próximos dias, pois Berlim considerando que a reunião "faz sentido" apenas se um programa de ajuda concreto para a Grécia for adotado.
Paralelamente, foi retomada nesta sexta-feira a reunião iniciada na quinta em Roma entre os credores privados da Grécia e as autoridades europeias para tentar avançar na questão da participação do setor privado no novo plano de ajuda a Atenas.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia se disse preparada para aumentar o valor de sua contribuição ao financiamento para projetos de infraestrutura na Grécia com o objetivo de ajudar a relançar a economia nacional asfixiada pela crise da dívida.
Além das negociações sobre a crise grega, os mercados acompanhavam com grande atenção os resultados dos testes de resistência a que foram submetidos 91 bancos europeus anunciados pela Autoridade Bancária Europeia (ABE).