Os ministros das Finanças dos países que integram a União Europeia (UE) admitiram nesta terça-feira (12/7) a hipótese de o governo da Grécia pagar apenas parte da dívida do país. A revelação é do ministro das Finanças da Holanda, Jan Kees de Jager, que disse que há a possibilidade de "default seletivo" da dívida da Grécia como parte do segundo plano de resgate para o país.
"Os 17 ministros da zona do euro já não descartam essa opção", disse Jager, que participa em Bruxelas de uma reunião de ministros de Finanças, na tentativa de tranquilizar os mercados e discutir formas de recuperar a estabilidade da zona do euro afetada pela crise econômica na Grécia.
[SAIBAMAIS]Uma reunião exclusiva de países que integram a zona do euro, nessa segunda-feira (11/7), terminou sem avanços a respeito do novo plano de ajuda para o país, após oito horas e meia de discussões. A demora da UE em concluir o plano está afetando os mercados na zona do euro, principalmente a Itália e a Espanha, que são, respectivamente, a terceira e a quarta maiores economias do bloco.
Na manhã deste hoje, as bolsas de Madri e de Milão registraram quedas de mais de 3,5%.
O debate sobre permitir ou não o "default seletivo" é o principal ponto de discórdia entre os países da UE e o Banco Central Europeu (BCE). A discussão é o motivo do atraso na definição do pacote, que vem provocando a instabilidade dos mercados.
A Alemanha, a Holanda e a Finlândia exigem que o setor privado participe do plano de resgate econômico, aceitando voluntariamente refinanciar parte dos títulos gregos que têm oi ampliar o prazo de pagamento.
O BCE defende que a iniciativa seja levada adiante de uma maneira que não seja vista pelos mercados como um default, o que, segundo a instituição, poderia desencadear um efeito dominó na zona do euro comparável à crise causada pela quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008.
O debate se complicou depois que as agências de classificação de risco alertaram, na semana passada, que o refinanciamento da dívida grega será considerado um default, mesmo com a participação voluntária dos investidores privados.
No entanto, o Banco Central Europeu mantém sua oposição a qualquer medida que possa ser considerada pelos mercados como um não pagamento e ameaça deixar de aceitar os títulos gregos como garantias de empréstimos aos bancos do país.