Com a compra da Webjet, a Gol responderá por quase a metade ; precisamente, 48,8% ; de todas as operações com passageiros no aeroporto de Brasília, o terceiro maior do país em movimento. Sairá de uma participação de 41,4%, superando os 44,5% detidos atualmente pela TAM. O domínio de mercado da Gol será tamanho, que a companhia liderará oito das 10 principais rotas domésticas, incluindo Guarulhos (SP)/Brasília e Santos Dumont (RJ)/Brasília.
Apesar dessa clara concentração de mercado e, consequentemente, do poder para forçar aumentos dos preços das passagens aéreas, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, tentou minimizar os riscos de abusos contra os viajantes. ;Isso (compra de companhias menores) é uma tendência mundial e no Brasil não é diferente. Basta observar vários países da Europa, onde poucas companhias dominam o mercado, mas nem por isso os preços são elevados;, disse.
Ele ressaltou que, para a Gol, foi um ótimo negócio arrematar o controle da Webjet, mesmo tendo que assumir uma dívida de R$ 215 milhões e pagar R$ 96 bilhões aos donos da concorrente. A maior parte dos débitos vence até 2015 e os principais credores são os bancos Bradesco, Safra e Citibank. Segundo o empresário, a incorporação será total e a marca Webjet será extinta. Pelas suas contas, a operação resultará em uma economia de R$ 100 milhões à Gol em dois anos, sem que haja demissões em qualquer das duas empresas.
;A Webjet tem um quadro de funcionários enxuto, não haverá necessidade de demissões. Na verdade, conforme a empresa crescer, é provável que ocorram contratações;, disse Constantino Júnior. Atualmente, a Webjet conta com 1,6 mil empregados e a Gol, com 18 mil. No ano passado, o faturamento da Webjet foi de R$ 750 milhões e a previsão para este ano é de R$ 800 milhões.
O presidente da Gol assegurou ainda que não haverá grandes mudanças na estrutura com a compra da Webjet. ;As duas empresas têm foco na venda a baixo custo, isso facilitará o trabalho, não será preciso grandes mudanças estruturais;, explicou. Assim, haverá a integração do programa de milhagens Smiles para incluir clientes da Webjet, mas só depois de a aquisição sair do papel. Para ser concretizada, o negócio depende da autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Renovação da frota
Outro facilitador para a fusão é o fato de as duas companhias operarem com aviões da fabricante Boeing. Quando a compra for concluída, a Gol pretende renovar a frota em um prazo de 18 a 24 meses. A substituição seria das 24 aeronaves modelo 737-300, da Webjet, versão mais antiga que os 737-700 e 737-800 usados pela empresa controlada por Constantino Júnior. A Gol poderá ainda ampliar uma encomenda feita no ano passado de 30 jatos 737-800, com entregas previstas entre 2014 e 2017.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou nota na qual classifica a fusão como prejudicial aos passageiros por diminuir a concorrência no setor, já que, com a compra da Webjet, TAM e Gol responderão sozinhas por quase 85% do mercado nacional de aviação civil. Leonardo Pereira, diretor financeiro da Gol, disse que ainda é cedo para falar em emissão de ações para financiar o negócio, mas não descartou que essa seja uma opção a ser adotada após a concretização do acordo.