Washington ; O descumprimento das obrigações dos Estados Unidos com sua dívida pública poderá colocar novamente em risco a estabilidade da economia mundial, alertou ontem a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. ;Isso, sem dúvida, vai de encontro ao propósito do Fundo. Estamos preocupados;, enfatizou. As declarações foram dadas antes de uma reunião, na Casa Branca, do presidente Barack Obama com o republicano John Boehnere e outros líderes do Congresso na tentativa de um acordo final para aumentar o teto do endividamento interno até 2 de agosto. Sem isso, o país poderá declarar a moratória de seus compromissos financeiros.
Depois que os republicanos se retiraram de um esforço conjunto para formatar um acordo de US$ 4 trilhões para a redução do deficit nacional, que poderia elevar impostos, Obama agora busca o maior acordo possível nas negociações sobre a dívida pública. Economistas norte-americanos e a própria Casa Branca já alertaram que o default (moratória) poderia empurrar os EUA para a recessão e desencadear o caos no sistema financeiro mundial. A chefe do FMI alertou que o desentendimento nos Estados Unidos será ;um grande golpe; aos mercados, com consequências ;muito feias; para a economia global.
Apesar da apreensão, Christine ressaltou confiança em uma solução consensual nos EUA, apesar das negociações tensas. ;Não posso imaginar, nem por um segundo, que os Estados Unidos caiam em default;, afirmou. Em reação, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, afirmou que o país cumprirá seus compromissos financeiros.
A dívida bruta dos EUA, hoje em US$ 14,3 trilhões, bateu no teto autorizado pelo Congresso em meados de maio. Os adversários republicanos de Obama, maioria na Câmara de Representantes, condicionam o apoio ao aumento do teto do endividamento à realização de cortes drásticos no orçamento.