A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela regulação e pela fiscalização do mercado de capitais, poderá proibir os negócios com ações da Companhia Energética de Brasília (CEB) em bolsa de valores ou outro mercado regulamentado. A empresa é acusada de prejudicar os investidores ao não dar transparência a seus números e ao enquadrar seus balanços às normas internacionais. Segundo a CVM, caso não siga o mais rapidamente possível as suas obrigações, a CEB poderá ter cancelado o seu registro de companhia de capital aberto, ser multada e os seus administradores responderem a processo administrativo.
A CEB é, porém, uma das 28 empresas que ainda não entregaram documentos importantes ao órgão regulador, sonegando dados relevantes para os mercado tomar decisões sobre comprar ou vender ações. A companhia de Brasília está entre as irregulares há mais tempo. ;Felizmente, a CEB tem pouca movimentação na bolsa. Nesse caso, o problema maior não é o impacto econômico. É o risco moral. Como o Brasil é muito condescendente com as empresas que não seguem as leis do mercado de capitais, a CEB pode levar o acionista a questionar: se não está cumprindo uma simples norma, imagine o que não estará fazendo com o dinheiro que arrecada dos consumidores;, disse o economista César Bergo, da Planner Corretora.
O diretor financeiro da CEB, Joel Antônio de Araújo, admitiu que a companhia ultrapassou, em muito, o seu prazo para a prestação de contas à CVM. Segundo ele, a culpa se deve aos problemas enfrentados ao longo do último governo. ;Apenas em 2010, a CEB passou por quatro diferentes diretorias. Para piorar, não temos um sistema eficiente de informática, nem pessoal treinado para atender às exigências;, afirmou. Araújo enfatizou, também, que, por determinação da CVM, as companhias abertas tiveram que refazer o balanço contábil de 2009 e apresentar o de 2010, ambos enquadrados nas complicadas normas internacionais. Araújo garantiu que a situação será sanada até o fim da semana.