Bruxelas - A Grécia calculou nesta sexta-feira em cerca de 110 bilhões de euros o segundo plano de resgate necessário para evitar a falência, antes de uma semana que se anuncia crucial na corrida contra o relógio para evitar o alastramento do incêndio para a Zona do Euro e para além das fronteiras do bloco.
Após um encontro da União Europeia em Bruxelas, o primeiro-ministro grego Georges Papandreou indicou que foi negociado "um valor semelhante ao do primeiro programa de ajuda" do ano passado, que previa o fornecimento de 110 bilhões de euros em três anos. Durante o encontro, ele recebeu a promessa de uma ajuda, com condições, até o início de julho como parte desse segundo plano. A chanceler Angela Merkel saudou um acordo "importante para a estabilização do euro".
"Até o momento passamos por todas as provas" e "em todos os momentos a catástrofe foi evitada", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, mencionando "uma vontade de salvar o euro", incluindo a mesma disposição por parte dos bancos e de outros credores privados da Grécia, que devem participar novamente do plano de ajuda.
Os mercados estão menos convencidos. O euro perdia terreno frente ao dólar à tarde, depois de ter progredido durante a manhã. E se as Bolsas de Paris, Londres e Frankfurt se mantinham em uma boa posição, as dos países considerados frágeis (Espanha, Itália, Portugal) estavam no vermelho.
Os ministros das Finanças da Zona do Euro, que se reúnem novamente no dia 3 de julho em Bruxelas, devem ainda convencer que podem superar a crise.
Eles devem principalmente indicar as modalidades do segundo plano de resgate, e principalmente o mais polêmico, que envolve a participação "voluntária" dos credores privados, com os quais consultas foram iniciadas esta semana em várias capitais.
Eles devem desbloquear a próxima parcela do empréstimo prometido no primeiro plano grego, aguardado ansiosamente por Atenas.Mas a condição sine qua non continua sendo a adoção pelo Parlamento grego de um plano concluído nesta quinta-feira com os doadores internacionais, que alia medidas de economia e privatizações de um valor total de 28,4 bilhões de euros. Os cortes provocam fortes tensões sociais.
Diante do contexto social tenso -com uma nova greve geral anunciada para os dias 28 e 29 de junho-, os líderes europeus pedem uma "união nacional" na Grécia, incluindo a oposição de direita. Essa iniciativa pode garantir a adoção do plano, previsto para até 30 de junho, e teria um valor "simbólica", ressaltou uma fonte europeia.
Os americanos criticaram duramente a cacofonia europeia e a lentidão em regular a crise grega, que ameaça mergulhar toda a Zona do Euro na turbulência, e até o resto do mundo, como ocorreu com a crise mundial provocada em meados de 2008 pela falência do banco Lehman Brothers.
Essa imagem de desordem foi confirmada ainda pela autorização dada nesta sexta-feira para que o italiano Mario Draghi suceda o francês Jean-Claude Trichet no comando do Banco Central Europeu.
Apresentada inicialmente como uma formalidade, a decisão suscitou até o último momento negociações entre Itália e França, que não queria ficar excluída da direção do BCE, enquanto Roma teria dois representantes. Para resolver a situação, teria sido necessário que o atual membro italiano da direção, Lorenzo Bini Smaghi, telefonasse pessoalmente para Nicolas Sarkozy e para o presidente da UE, Herman Van Rompuy, e prometesse deixar seu posto antes do fim do ano.