Jornal Correio Braziliense

Economia

Agência Moody's eleva nota do Brasil e elogia a presidente Dilma Rousseff

A agência de classificação de risco Moody;s elevou ontem a nota da dívida soberana do Brasil, ao considerar que os últimos ajustes da política econômica garantem a ;melhoria nos indicadores fiscais de médio prazo; e permitirão o ;desenvolvimento mais sustentado;. A alteração do nível Baa3 para Baa2 foi a primeira concedida pela instituição desde que o país atingiu ;grau de investimento; (dado por outras avaliadoras), em setembro de 2009. Agora, além de considerar a maior economia latino-americana um porto seguro para os investidores, a Moody;s sinaliza que apoia as medidas da gestão da presidente Dilma Rousseff para conter o crédito e reduzir os próprios gastos com o objetivo de frear a atividade e a alta dos preços.

Na avaliação da agência, a reação do Executivo já se refletiu sobre a inflação e permitiu alcançar, nos primeiros quatro meses, metade do superavit fiscal (economia para o pagamento dos juros da dívida) previsto para este ano. ;Embora ainda seja prematuro determinar se as medidas são suficientes, ao menos mostram um suposto compromisso forte para resolver o problema;, sublinhou o comunicado da Moody;s. Outro aspecto tido como positivo foi a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), que está abaixo de 50%. Com isso, a classificação brasileira ganhou ainda ;perspectiva positiva;, sinalizando que poderá haver nova elevação, para Baa1, dentro de 12 ou 18 meses.

Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, festejou a avaliação da Moody;s. ;Melhorou a percepção do Brasil, que está sendo considerado país de elevada robustez na economia;, disse ele, informando que a presidente Dilma ficou satisfeita com a notícia. Mantega ressaltou que a atividade cresce a um ritmo de 4,5% e que a inflação deverá ficar dentro dos limites da meta, entre 6,15% e 6,20%. Ele observou que outros países, sobretudo os desenvolvidos, fizeram o caminho inverso ao do Brasil, buscando acelerar as economias. ;Estamos numa velocidade de cruzeiro e os indicadores mostram acomodação da inflação (mensal), perto de zero;, comentou.

Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a decisão da Moody;s é mais um reconhecimento da consistência da política econômica e da melhora de seus fundamentos, conseguida com ;metas de inflação, câmbio flutuante, acúmulo de reservas internacionais, responsabilidade fiscal e solidez do sistema financeiro;. Ele também vê a capacidade de crescer com preços sob controle como resposta à complexidade do cenário externo e à chance de ;contínua queda no custo de financiamento do investimento que o país continuará a exigir nos próximos anos;.

Roberto Gonzalez, professor da Trevisan Escola de Negócios, lembrou que a elevação da nota brasileira ocorreu num cenário internacional turbulento. ;O Brasil ainda tem fragilidades, mas vinha sofrendo de um ceticismo leviano no exterior;, afirmou.

Segundo ele, exemplo disso é a desconfiança sobre o cumprimento do calendário de obras para Olimpíadas e Copa do Mundo. ;No mesmo prazo, a África do Sul estava mais atrasada para a última Copa e ninguém falou em mudar a sede;, lembrou. Gonzalez acha que o governo acerta ao calibrar o crescimento do PIB, afastando o risco de bolhas. ;O alívio dado pelas agências sobre os juros é anulado pelas pressões do consumo;, finalizou.

Bônus
A Moody;s também elevou as notas de depósitos e bônus em moeda estrangeira dos bancos brasileiros. Entre eles estão o Banco Alfa de Investimento, Bradesco, Citibank, Banco do Brasil (BB), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Safra, Santander, Banco Votorantim, Caixa Econômica Federal, HSBC Bank Brasil, ING ; São Paulo, Itaú Unibanco e Banco Itaú BBA.