VIENA - Os doze países membros da Opep não chegaram a um acordo sobre o aumento das cotas de produção de petróleo na reunião ministerial realizada nesta quarta-feira em Viena, anunciou o secretário-geral da organização Abdallah El Badri. "Infelizmente não conseguimos um consenso", admitiu El Badri ao término da reunião de ministros e representantes dos membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).
A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os interesses dos países industrializados, expressou pouco depois "decepção", e pediu "aos principais produtores" que aumentem a oferta para satisfazer a demanda crescente e evitar, assim, um possível aumento de preços que ameaça "minar a recuperação econômica" mundial. "Notamos, com decepção, que os membros da Opep foram incapazes de chegar a um acordo sobre a necessidade de pôr mais petróleo no mercado", escreveu a AIE em comunicado.
Desde janeiro de 2009, a cota de produção do cartel é de 24,84 milhões de barris diários (mdb), embora a produção real de abril tenha chegado a 26,15 mbd, segundo dados da AIE.
Esta produção não é considerada suficiente para compensar a falta do petróleo da Líbia, cuja produção passou de 1,49 milhão a 200 mil barris por dia desde o início da revolta contra o regime de Muammar Kadhafi em meados de fevereiro.
Seis países, entre eles Irã e Venezuela, foram contra o aumento da cota por considerarem que o alto preço do petróleo, que gira em torno dos 115 dólares o "Brent", negociado em Londres e 100 dólares o "light" negociado nos Estados Unidos, deve-se aos especuladores e à situação na Líbia. "Quando tentamos analisar a recente volatilidade, nossa atenção se volta para o setor financeiro", garantiu o atual presidente da Opep, o ministro interino de Petróleo iraniano, Mohamad Aliabadi, na abertura do encontro.
A "atividade especulativa" no mercado de Nova York "alcançou recordes", afirmou. "Não há necessidade de introduzir mais petróleo no mercado. Temos o bastante", disse por sua vez o ministro de Petróleo venezuelano, Rafael Ramírez, antes do início do encontro, mostrando-se a favor de "proteger" um preço "justo" que deve ser em torno dos US$ 100, segundo ele. "Não há nenhum tipo de escassez, mesmo com a ausência de um país (Líbia)". "Não estamos em crise", disse.
A razão pela qual as doze delegações - a Líbia se juntou quatro horas depois do encontro ter começado - não chegarem num acordo foi que "cada um tinha suas próprias cifras", afirmou Aliabadi. Por isso pediu tempo para que os países possam "analisar" e comparar os dados antes de tomarem uma decisão.
A cota atual vai permanecer até pelo menos até o dia 13 ou 14 de dezembro, quando os membros da Opep, que extraem 40% do petróleo produzido no mundo, voltam a se reunir em Viena.
No entanto, a discussão parece ter sido difícil, a julgar pelas declarações do titular do Petróleo saudita, Ali al Naimi, cujo país é o principal produtor de petróleo do mundo, favorável ao aumento da cota. "Foi uma das piores reuniões que já tivemos", disse ao Dow Jones Newswires.
Os preços do petróleo, que tendiam à queda antes do fim da reunião, voltaram a subir drasticamente após o anúncio do secretário-geral da Opep.