Brasília - O superávit comercial ; a diferença entre o que o país exporta e importa ; da China deu um salto no mês de abril e cresceu quatro vezes mais que o estimado por analistas, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (10/5). O superávit comercial chinês foi US$ 11,4 bilhões, muito acima dos US$ 3 bilhões previstos.
De acordo com os analistas, o resultado se deve a uma combinação de dois fatores: o crescimento de 29,9% das exportações em relação a abril do ano passado e a queda de 21,8% nas importações. A divulgação do dado deve gerar ainda mais pressão internacional para que a China desvalorize sua moeda.
O governo dos Estados Unidos e outros parceiros comerciais da China informaram que estão perdendo competitividade em relação aos chineses devido à baixa cotação do yuan ( a moeda chinesa) em relação ao dólar, o que torna os produtos chineses mais baratos no mercado internacional. A reclamação parte sobretudo dos setores exportadores da economia americana.
Ao longo desta semana, o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, reúne-se com autoridades chinesas em Washington para discutir a relação comercial entre os dois países. Para os norte-americanos, os chineses devem permitir a desvalorização do yuan em um ritmo mais acelerado que o do dólar.
A fraca moeda chinesa está, segundo as autoridades norte-americanas, prejudicando a economia americana, que ainda se recupera da crise financeira mundial desencadeada em 2008. Segunda-feira (9/5), primeiro dia do encontro em Washington, Geithner elogiou a China, dizendo que o país está progredindo "em direção a uma taxa cambial mais flexível".
O ministro do Comércio da China, Chen Deming, disse que a valorização do yuan ocorre de "forma muito saudável" e afirmou que os Estados Unidos precisam mudar sua política em relação a investimentos em tecnologia se quiserem aquecer a indústria nacional. Hoje, as autoridades chinesas e americanas encerram as discussões em Washington.
Os resultados do comércio chinês em abril contrastam com o fraco desempenho no primeiro trimestre. Nos primeiros três meses do ano, a China registrou um raro déficit comercial de US$ 1,02 bilhão. Foi o primeiro déficit registrado pelo país em um trimestre em sete anos.
Nos três primeiros meses do ano é normal que haja uma redução do superávit chinês, já que após as vendas de Natal a indústria se reabastece com insumos para produção, o que aumenta muito as importações.