Jornal Correio Braziliense

Economia

Mantega nega interferência do governo em troca de comando na Vale

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou nesta terça-feira (3/5) que participou das discussões em torno da mudança da presidência da Vale, mas que isso se deu de forma institucional. Durante audiência pública no Senado, o ministro defendeu que o processo ocorreu de acordo com o que rege o estatuto da empresa e conforme os interesses dos acionistas, sem a interferência do governo.

Mantega negou ainda que tenha havido ingerência do governo na substituição de Roger Agnelli por Murilo Pinto Ferreira. Ele ressaltou que o governo é o principal interessado no sucesso da companhia mineradora. ;Foi uma mudança completamente natural. Todas as empresas passam por mudança de diretores e presidentes periodicamente. O senhor Rogério Agnelli ficou dez anos à frente da empresa, o que é mais do que a média das empresas de mineração ao longo do mundo;, argumentou o ministro.

;O governo gosta que a Vale seja bem-sucedida, porque se ela dá lucros cobramos nossos impostos e isso vem para a população brasileira também. Por isso, quanto mais bem-sucedida melhor. Ela traz bons rendimentos para os seus acionistas dos quais estão a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), que possuiu 49% das ações, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que possuiu quase 9% das ações. Portanto, somos os primeiros interessados no sucesso da Vale;, disse Mantega.

De acordo com o ministro da Fazenda, embora a Vale seja uma empresa privada, ela detém capital público e também é de grande importância na econômica do país, o que torna natural que o governo acompanhe mudanças em cargos-chave da empresa.

;A Vale tem uma importância estratégica no Brasil. Embora seja privada, e assim tem que permanecer ao nosso juízo, tem uma participação pública e é natural que o ministro da Fazenda se interesse e se preocupe com o destino que está sendo dado a essa empresa. Foi o que aconteceu por ocasião dessa mudança que está havendo na direção da empresa;, disse o ministro.

A escolha do novo presidente, reforçou o ministro, ocorreu dentro da legalidade e seguindo as recomendações dos seus acionistas. ;Os acionistas resolveram fazer uma mudança na direção. Acompanhei esse processo de perto, conversei com os acionistas, conversei várias vezes com a Previ, que preside o Conselho de Administração, e quero dizer que o processo foi absolutamente dentro do que rege no estatuto da empresa;, afirmou.