Washington - O Federal Reserve, o BC americano reviu em baixa, nesta quarta-feira (27/4), a previsão de crescimento econômico nos Estados Unidos, num contexto de inflação maior, mas constatou uma melhora na situação do mercado de trabalho.
O Fed se declarou mais otimista em relação ao emprego do que em janeiro, estimando que o desemprego poderia cair para 8,4% no final do ano, prevendo, no entanto, um aumento da inflação, entre 2,1 e 2,8%.
O presidente do Banco Central americano, Ben Bernanke, disse em entrevista à imprensa, em Washington, que a instituição considera desejável uma inflação entre 1,7 e 2,0% ao ano, ao comentar as novas previsões econômicas.
Numa inédita entrevista à imprensa, Bernanke também disse ter "certeza" de um retorno a uma política monetária normal, mantendo "confiança nos instrumentos de que dispõe" para equilibrar a situação.
Em seus 97 anos, o Federal Reserve nunca recebeu jornalistas depois de uma reunião de seu Comitê de Política Monetária (FOMC).
Na reunião, o Fed decidiu manter a flexibilidade de sua política monetária, considerando que a recuperação econômica do país opera a um "ritmo moderado" apesar da melhora progressiva do mercado de trabalho.
Assim, o FOMC manteve sua taxa básica de juros quase nula e reiterou a decisão de levar a termo seu programa de compra de bônus do Tesouro, anunciado em novembro, por 600 bilhões de dólares no prazo estipulado, o mês de junho.
A ideia é reduzir o custo do crédito, a fim de estimular ao máximo as famílias a consumir e as empresas, a investir, para sustentar a atividade e favorecer a criação de empregos, o que os economistas consideram um ;círculo virtuoso de crescimento;.
Bernanke disse, além disso, que é crucial os Estados Unidos enfrentarem o problema de sua dívida, estimando que o nível de endividamento é o desafio "mais importante", a longo prazo, para a economia.
"Pelo menos a longo prazo, é o problema econômico mais importante enfrentado pelos Estados Unidos", disse.
Reafirmou que os Estados Unidos e a economia mundial têm interesse num dólar "forte".
O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, havia dito na terça-feira que os Estados Unidos não adotariam "jamais" uma "estratégia de enfraquecer" o dólar.
"Nossa política foi e será sempre, enquanto eu ocupar a presidência do Fed, a de que um dólar forte é do interesse do país".
Desde o início do ano, o dólar perdeu 6,5% em relação a uma cesta de moedas dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
Geithner atribuiu à baixa do dólar a uma conjuntura econômica mundial favorável a outras moedas.
O Fed foi acusado por vários países europeus e emergentes de tentar enfraquecer o dólar para conseguir maior competitividade nas exportações dos Estados Unidos, estimulando, assim, sua recuperação econômica - o que sempre foi negado por Bernanke.