Jornal Correio Braziliense

Economia

Fusões atraem companhias estrangeiras

As companhias estrangeiras estão lutando para retomar a liderança das operações de aquisições de empresas estabelecidas no Brasil ou mesmo fusões de seus negócios. Dados da Consultoria KPMG mostram que 37% de todas as transações feitas no Brasil durante o primeiro trimestre contaram com a participação de empreendedores de outros países. A forte presença deles fez com que o número de atingisse, em 2011, o maior patamar já registrado no período. De janeiro a março, 167 negociações foram efetivadas em todo o país.

Do número total de negócios, 34 foram de companhias de fora adquirindo empreendimentos brasileiros ; um crescimento de 62% na comparação com os primeiros meses de 2010. Outras 28 operações foram fechadas exclusivamente entre empresas de capital estrangeiro estabelecidas no Brasil, número 47% maior que no mesmo período de 2010. Apesar do atual resultado ser 14% inferior ao desempenho registrado último trimestre do ano passado, o recorde para o período mostra um otimismo que pode se manter até dezembro.

;Tradicionalmente, os primeiros meses do ano são fracos em termos de transações. Acredito que teremos um dos melhores anos da história, porque as perspectivas do primeiro trimestre são muito boas. O resultado é bastante animador;, disse Luis Motta, sócio da KPGM e responsável pela pesquisa. Entre os setores que apresentaram maior número de incorporações, estão as companhias de tecnologia da informação, com 22 transações. Empresas do segmento de telecomunicações e mídia, de alimentos e imobiliário também registraram intensas movimentações.

Impulso
Para a KPMG, o momento econômico que o país está atravessando acaba tornando-se um motivador da expansão das fusões e aquisições no Brasil. ;Temos uma economia estável, com perspectiva de crescimento e de investimentos de médio e de longo prazo. Todos esses fatores acabaram colaborando nas decisões das empresas envolvendo esse tipo de negociação;, analisou Motta. Outro fator que pode auxiliar a expansão das fusões são as intenções de abertura de capital por parte das companhias. ;Atualmente, existem várias solicitações de empresas interessadas em negociar ações, e acho que essas aberturas podem impulsionar a vontade desses empreendedores em realizar novas fusões;, disse.

A pesquisa aponta que a tendência de crescimento no volume de transações entre as empresas estrangeiras mostra que elas estão invertendo o movimento feito em 2008, quando, devido à crise econômica mundial, optaram por realizar investimentos mais moderados. Mas, ainda assim, o domínio das empresas brasileiras nas transações é enorme. As operações domésticas (negociações apenas entre empresas brasileiras) lideram a pesquisa, com 82 do total. Por outro lado, apenas nove companhias nacionais buscaram fincar pé lá fora (adquirindo estrangeiras no exterior), ante 16 acordos estabelecidos nos primeiros três meses de 2010 ; uma queda de 44%.


EUA na frente
Entre os países que realizaram o maior número de aquisições de empresas brasileiras, aparecem os Estados Unidos, com 27 operações concretizadas. Alguns países do Velho Continente também tentaram aumentar a participação no Brasil: destaque para França (com cinco negociações), Alemanha (quatro) e Reino Unido (três).