Jornal Correio Braziliense

Economia

Despejo de água radioativa no mar afunda a Tepco na bolsa

TÓQUIO - As ações de Tepco, operadora da central proprietária da central nuclear de Fukushima (nordeste), atingiram mínimos históricos nesta terça-feira (5/4) na Bolsa de Tóquio por causa do despejo de milhares de toneladas de água radioativa no Oceano Pacífico.

Depois de 25 dias de luta para evitar uma fusão descontrolada dos combustíveis das instalações acidentadas, o perigo de uma catástrofe irreversível e a consequente contaminação do meio ambiente assumem proporções alarmantes.

As ações da Tepco Electric Power (Tepco) desabaram 18,10% já que os investidores duvidam cada vez mais da capacidade da companhia em pagar as gigantescas indenizações que serão reclamadas.

Seus títulos perderam 80 pontos, a 362 ienes, uma cotação inferior a seu mínimo histórico no fechamento em quase 60 anos.

"As indenizações que deverão pagar vão muito provavelmente disparar com estes despejos de água radioativa", comentou um corretor da bolsa.

As ações da Tepco estão despencando desde 11 de março, dia fatídico para o nordeste do Japão, atingido por um terremoto seguido de tsunami. Desde então, os títulos perderam mais de 80%, ante a cascata de explosões e de vazamentos poluentes da central de Fukushima Daiichi (N;1).

Nesse contexto muito desfavorável, o grupo decidiu nesta terça-feira adiar para uma data não determinada o anúncio de seus resultados financeiros do ano orçamentário, que vai de abril de 2010 a 31 de março passado, explicou à AFP um porta-voz.

Na central, prosseguem as operações para jogar no mar 11.500 toneladas de água radioativa, iniciadas na véspera.

Com uma duração prevista de cinco dias, os despejos feitos a 250 km ao norte de Tóquio e de seus 35 milhões de habitantes contém uma água pouco contaminada, conforme assegura a Tepco.

O despejo desta água no oceano, onde supostamente os elementos radioativos se diluirão, segundo a Tepco, é indispensável para liberar os depósitos de armazenamento destinados à água altamente radioativa.

Está proibido pescar num raio de 20 km em torno da central, uma área que corresponde à zona de exclusão estabelecida terra adentro.

O sistema de abastecimento elétrico dos seis reatores de Fukushima ficou avariado em 11 de março e de repente pararam as bombas de refrigeração do combustível nuclear, que esquentou perigosamente.

Os técnicos que tentam reparar o material tropeçam num círculo vicioso: é vital esfriar o combustível dos reatores e os dejetos contidos nas piscinas, mas quanto mais água utilizam, mais aumentam as camadas radioativas. E quanto menos enchem de água, mais sobe a temperatura dos reatores.

O despejo de água provocou enormes inundações nos prédios e galerias técnicas subterrâneas, que estão alagadas por milhares de toneladas de águas radioativas, o que atrasa o avanço dos operários para tentar restabelecer a rede elétrica.

De qualquer maneira, os trabalhos de refrigeração prosseguem graças às imensas bombas procedentes do exterior.

Os técnicos continuam tentando impedir um vazamento de água muito contaminada que se acumulou numa fossa técnica que corre direto para o oceano.

Eles tentam encontrar um caminho por onde filtrar a água, que, aparentemente, se oriunda do prédio do reator 2.

Mais de três semanas depois da tragédia, o balanço provisório de vítimas é de 12.321 mortos confirmados e 15.347 desaparecidos.