A carestia vai se intensificar sobre o bolso do consumidor e irá muito além do que o Banco Central espera. Esse é o alerta dado pelo mercado financeiro no Boletim Focus desta semana ; uma publicação na qual a autoridade monetária ouve a opinião de mais de 100 analistas a respeito dos indicadores da economia. Enquanto a expectativa do governo é de que o ano feche com um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,6%, o mercado estima 6,02%. Foi a quarta piora na previsão consecutiva. Entre os analistas que mais acertam nas previsões, o indicador chegou a 6,41% ; quase o teto da meta de inflação, estipulada em 6,5% para este ano.
A justificativa para tamanho ceticismo recai, principalmente, sobre o setor fiscal. O mercado ainda não acredita no corte de mais de R$ 50 bilhões nos gastos públicos nem em economia convincente para pagar os juros da dívida (superavit primário). A despeito da prometida tesourada no Orçamento, no primeiro trimestre os desembolsos superaram em mais de R$ 13 bilhões (incluídas juros da dívida) os desembolsos realizados de janeiro a março de 2010 ; um dado, no mínimo, contraditório ao discurso de austeridade.
Alerta
Até mesmo o superavit recorde para um mês de fevereiro, celebrado pelos economistas do BC e do Ministério da Fazenda na semana passada, caiu em descrença. Analistas têm alertado que a economia do governo foi pequena e que os quase R$ 8 bilhões poupados no mês foram puxados fortemente pelas administrações regionais, em um esforço para fazer a máquina pública andar neste início de ano. Embora admita ser um pouco cedo para uma conclusão, Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Management, está pessimista. ;Até agora, os dados divulgados não demosntram que será entregue um superavit primário convincente;, disse.
Otimismo em baixa
A confiança do brasileiro com relação à economia caiu em março, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de expectativas do consumidor teve recuo de 0,5% no último mês. Foi a quinta queda consecutiva do indicador, que já acumula retração de 5,1% desde outubro. O endividamento e a atual condição financeira do cidadão são os principais responsáveis pela onda de pessimismo. O estudo também mostrou que as pessoas estão, em média, 3,7% menos confiantes no controle da inflação que na comparação com março de 2010.