Segundo maior partido na Câmara dos Deputados e primeiro no Senado, o PMDB ficou surpreso com as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que para corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) em 4,5% o governo terá que aumentar algum tributo ou fazer novos cortes nas despesas.
O líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que em nenhum momento isso foi colocado nas negociações para manter o reajuste do salário mínimo em R$ 545 e, agora, irá cobrar do ministro que cumpra o acordo feito na votação do projeto de lei que estabeleceu o aumento. ;O que ouvi do governo até a aprovação do projeto de lei do salário foi que a correção [da tabela] seria feita pelo governo sem qualquer aumento de imposto. Agora, vamos cobrar o cumprimento desse acordo.;
Já Mantega foi taxativo na entrevista coletiva que concedeu semana passada, ao comentar a possibilidade de aumento de tributo. ;Vamos reajustar a tabela, mas temos que fazer os cálculos. Provavelmente, a renúncia fiscal será de aproximadamente R$ 1,6 bilhão e temos que achar uma fonte para essa nova despesa. Então, ou a gente faz um ajuste em algum tributo ou fazemos nova redução de despesa;, disse Mantega.
Henrique Eduardo Alves disse que esse ;é um discurso novo que não existia;. Ele acrescentou que ;foi surpreendido porque esse aumento de tributo ou corte mais profundo nas despesas não estava no script;.
O senador Paulo Paim (PT-RS), que intermediou a tentativa de um acordo entre governo e centrais sindicais para concessão de um salário mínimo superior aos R$ 545, disse que o assunto estará na pauta de uma reunião que a presidenta Dilma Rousseff terá com as centrais nesta sexta-feira (11). Para Paim, o ministro ;soltou; essa declaração na entrevista coletiva da semana passada com a intenção de marcar posição diante das centrais sindicais.
;Na pauta com a presidenta Dilma um dos temas será a reivindicação de corrigir a tabela entre 5% a 6%. Na minha opinião, ele [Mantega] soltou essa frase de forma descompromissada. A melhor forma de se defender é atacar. Foi um recado às centrais de que o governo não quer que se eleve para mais de 4,5%;, afirmou o petista.
Quanto à oposição, o trabalho será ampliar as dissidências diante da proposta do governo, caso haja qualquer intenção de aumentar tributos ou ampliar cortes. O líder do Democratas no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou que cabe agora à oposição buscar ;ajuda de parlamentares da base governista; para derrubar qualquer proposta do Executivo nesse sentido.