Jornal Correio Braziliense

Economia

Faturas do juros chega a R$ 19,2 bi

Enquanto a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff planejava cortes no Orçamento, o Tesouro Nacional acelerava nos gastos. Apenas em janeiro, os desembolsos avançaram 24%. Da superarrecadação de impostos que colocou R$ 13,9 bilhões extras nos cofres públicos, o Executivo se desfez de tudo para arcar com a herança do presidente Lula - 2014 dívidas postergadas para 2011. Com isso, as despesas, incluindo o pagamento de juros da dívida, ultrapassaram o superavit primário de R$ 17,7 bilhões (o segundo maior para meses de janeiro) e deixaram um buraco de R$ 1,5 bilhão nas contas do setor público, o chamado deficit nominal. "Janeiro pagou a conta de dezembro, aproveitando uma receita fabulosa. A estratégia complica mais a meta fiscal de 2011 e ainda transforma o que precisava ser uma demonstração de contenção de gastos no contrário%u201D, disse Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Convenção. Para cobrir o rombo do primeiro mês do ano, o país fez uso da emissão de títulos públicos para se financiar no mercado. Resultado: a fatura dos juros chegou a R$ 19,2 bilhões, o maior montante registrado pelo Banco Central para este mês. Tamanha cifra seria suficiente para comprar 73,8 milhões das cestas básicas mais caras do país, vendidas em São Paulo a R$ 261,25 cada. Frente a janeiro do ano passado, a despesa com juros cresceu R$ 5,1 bilhões. %u201CEssa elevação ocorreu porque uma parte considerável da dívida é corrigida pela inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)%u201D, explicou Túlio Maciel, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC. %u201CTambém temos agora uma base (de dívida) maior%u201D, admitiu. A tendência é de que a dívida continue a se expandir nos próximos meses. Para cada um ponto percentual de aperto na taxa básica de juros (Selic) por um período de 12 meses, a dívida avança 0,3 ponto percentual frente ao Produto Interno Bruto (PIB). Com a projeção de um arrocho monetário da ordem de 1,75 ponto percentual em 2011, o endividamento crescerá pelo menos R$ 19 bilhões até dezembro próximo. (VM) Imobilidade regional Na opinião dos analistas, nem mesmo o fato de o setor público ter feito superavit primário de R$ 17,7 bilhões em janeiro é motivo para comemoração. Para eles, esse número não representa uma economia efetiva para o pagamento de juros da dívida, pois só foi alcançado em função da imobilidade dos governos regionais (estados e município) em colocar a máquina pública para andar neste início de ano. O aumento da arrecadação via Imposto de Renda também elevou as transferências para tais unidades da Federação. %u201CFoi o que permitiu uma discreta melhora no primário consolidado em 12 meses, de 2,79% do PIB em dezembro para 2,81% em janeiro%u201D, ponderou Fernando Montero, da Corretora Convenção.