Davos (Suíça) ; Com uma tímida participação brasileira na 41; edição do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o encontro de lideranças mundiais realizado na pequena cidade dos Alpes suíços terminou ontem com um certo otimismo a respeito da recuperação global, graças sobretudo à maior participação dos países emergentes na balança do poder econômico. Além do Brasil, o fórum confirmou a mudança de rumo com presença ampliada da China e Índia no cenário internacional. A reunião foi encerrada ainda com uma surpreendente promessa das nações ricas de se alcançar um acordo final em torno da estagnada Rodada de Doha até julho.
No aspecto econômico, os dirigentes europeus buscaram, ao longo da semana, convencer a elite mundial reunida na seleta estação de esqui nos Alpes suíços de que a Zona do Euro já passou pelo pior, apesar das preocupações que persistem sobre a saúde financeira de vários de seus membros em função de altos deficits públicos. ;Não espero novos sobressaltos, acho que o euro permanecerá estável;, indicou Wolfgang Schauble, ministro das Finanças alemão, após o catastrófico ano de 2010, marcado pelos bilionários resgates de Grécia e Irlanda. De fato, pairou sobre Davos a sensação de que a economia voltou a andar, deixando a crise mundial trás, com destaque para os Estados Unidos.
Árabes
Durante os debates, Europa e Estados Unidos deixaram claro a oposição de suas ideias sobre de que maneira reativar a economia: enquanto o bloco europeu defendeu os rigorosos ajustes orçamentários, Washington advertiu sobre a ameaça que esse tipo de política representa. A prioridade maior da Europa deve ser matar o fantasma das gigantescas dívidas soberanas, argumentou o primeiro-ministro britânico David Cameron, justificando seu duro programa de austeridade orçamentária. Mas Timothy Geithner, secretário do Tesouro americano, opinou que esse tipo de atitude não é razoável, e que o papel do governo em momentos de crise é investir para aquecer a economia.
No entanto, o fórum de Davos foi marcado pela preocupação com as rebeliões populares na Tunísia e no Egito, vistas como consequência do agravamento das condições de vida nos países pobres, após a pior crise econômica e financeira do pós-guerra. Depois da Revolução de Jasmim tunisiana, que terminou com a queda do regime de Zine El Abidine Ben Ali, há 23 anos no poder, e em meio aos violentos protestos no Egito contra o governo de Hosni Mubarak, na presidência há 30 anos, várias vozes advertiram para o risco de novas revoltas.
Já o Brasil preferiu a discrição. A presidente Dilma Rousseff, ainda ausente dos grandes palcos de discussão mundiais, optou por enviar uma equipe de perfil técnico ao fórum. Representaram o país o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota ; todos estreantes em Davos.