DAVOS - O presidente francês Nicolas Sarkozy afirmou nesta quinta-feira (27/1) no Fórum de Davos que ele e a chanceler alemã Angela Merkel "nunca" abandonarão o euro, em um discurso no qual voltou a defender a criação de um imposto sobre as transações financeiras para financiar a ajuda ao desenvolvimento.
"Posso garantir a vocês que tanto Merkel como eu nunca, me escutem, nunca abandonaremos o euro", declarou Sarkozy na 41; edição do Fórum Econômico Mundial (WEF) que acontece na estação de esqui dos Alpes suíços.
O presidente francês criticou as manchetes da imprensa que anunciavam o fim do euro há alguns meses.
"Os artigos passaram, o euro permaneceu", afirmou, depois de ter apresentado à elite mundial reunida em Davos as prioridades da presidência francesa do G20.
"A questão do euro não é apenas uma questão monetária, não é apenas uma questão econômica. É uma questão de identidade. A mensagem sobre o euro é uma mensagem muito simples, mas importante: estaremos onde for necessário para defendê-lo", insistiu Sarkozy.
Segundo autoridades e analistas reunidos em um debate no WEF, a Europa teria entrado em uma "crise terrível" sem o euro.
"Se for levado em consideração o que teria acontecido na Europa se não tivéssemos o euro, se a União Europeia e a coordenação que constatamos recentemente não tivessem existido, acredito que teríamos visto uma crise terrível", afirmou o diretor geral da gigante francesa da publicidade Publicis, Maurice Levy.
Sarkozy aproveitou a apresentação em Davos para destacar suas prioridades à frente do G20, que tem presidência francesa este ano, e voltou a defender a iniciativa de uma taxa sobre as transações financeiras, sugerindo que "um grupo de países líderes" dê o exemplo e a adote.
"Em Copenhague, os grandes países do mundo adotaram a decisão de destinar aos países mais pobres 120 bilhões de dólares anuais a partir de 2020. Como todos os nossos orçamentos estão em déficit, não há ninguém que possa imaginar que este dinheiro sairá dos orçamentos dos Estados. Por isto, não temos opção", declarou.
"Se não queremos ser criticados, é necessário criar financiamentos inovadores. Não é uma eleição, é algo inevitável", insistiu.
Sarkozy reiterou a preferência pela taxa, rejeitada por muitos países, mas se mostrou aberto a outras ideias.
Para o presidente francês, dedicar dinheiro ao desenvolvimento é o modo de enfrentar os perigos da "ascensão do terrorismo que se alimenta da pobreza" e da "ascensão do integrismo que se alimenta das injustiças".