Brasília ; Os analistas do mercado financeiro concentram as atenções na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que foi aberta nesta terça-feira (18/1) e se estende até amanhã, quando será divulgada a taxa de juros básica da economia (Selic). Para boa parte do mercado financeiro, a Selic será reajustada de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano, um aumento de meio ponto percentual.
Para o professor de macroeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rogério Mori, o Copom ;enfrenta pressões inflacionárias de curto prazo, que devem ser intensificadas nas próximas semanas;. Uma dessas pressões está no clima, as chuvas fortes desta época do ano no Centro-Sul do país afetam a oferta de alguns produtos agrícolas com impacto na alta de preços. Há também despesas típicas de início de ano, que impulsionam a inflação, como mensalidade escolar e impostos como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotivos).
Mori acredita que o quadro de pressão inflacionária ganha um componente adicional para a correção da Selic por tratar-se da primeira reunião do Copom no governo da presidenta Dilma Rousseff. É momento adequado, segundo ele, para o novo governo mostrar, já na partida, o compromisso de manter a inflação em um patamar baixo.
Essas são análises que divergem, porém, dos interesses do setor produtivo, uma vez que os empresários defendem crédito mais barato para viabilizar investimentos e consumo e os trabalhadores querem mercado de trabalho em ascensão, com mais empregos e renda. Além disso, argumentam que o aumento dos juros atrai ainda mais capital externo e contribui para valorização do real, prejudicando as exportações.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) sustenta que um corte de aproximadamente R$ 40 bilhões no Orçamento da União deste ano seria decisivo para a equipe econômica do governo ;controlar a inflação, sem precisar elevar a taxa de juros no médio prazo;.
A Unidade de Política Econômica da CNI entende que ;a política fiscal expansionista dos últimos anos precisa ser revista;. Caso contrário, será preciso um esforço maior da política monetária para conter um excesso de demanda que pressione a inflação, e isso comprometerá o crescimento da economia. A saída, de acordo com a CNI, está na redução do ritmo de crescimento dos gastos públicos, adequando-os ao crescimento da economia.