As medidas adotadas pela equipe da presidente, Dilma Rousseff, nos últimos sete dias para reverter a todo custo o derretimento do dólar em relação ao real não estão surtindo o efeito esperado. Na segunda-feira, a moeda teve uma pequena elevação de 0,12%, mas voltou a cair 0,06% ontem, encerrando o dia cotada a R$ 1,687. A persistência da taxa cambial aumenta a expectativas de que novos métodos deverão ser anunciados, como já alertou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O governo permitiu no início da semana que o Fundo Soberano Brasileiro (FSB) atue no mercado de câmbio futuro, o que significa que o Banco Central pode comprar sob determinação do Tesouro Nacional até R$ 18,7 bilhões (valor atual do fundo) em dólares. Entre as mudanças que ainda estão na manga, poderá ser instituída a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capitais estrangeiros em investimentos na bolsa de valores, até agora isenta. Também poderá ser elevada a tarifa de 6%, já cobrada no ingresso de recursos provenientes de outros países nos títulos de renda fixa ; em sua maioria, papéis do Tesouro Nacional.
Para os analistas, a pouca movimentação da divisa norte-americana pode ser, em parte, atribuída justamente a essa tensão gerada pelas apostas de que novas armas serão utilizadas. A expectativa reduziu, ontem, o volume de operações de câmbio. Apesar da incerteza, os agentes continuam pouco confiantes no sucesso da Fazenda e do Banco Central em evitar que a taxa cambial despenque para um nível abaixo de R$ 1,65. O ceticismo se deve aos fundamentos da economia brasileira, que continuam atraindo os recursos para o mercado interno. De um lado, a alta taxa de juros básicos continua sendo vantajosa para quem procura rentabilidade rápida. A atratividade deve ser ainda maior a partir da próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá elevar a Selic de 10,75% para 11,25% ao ano.
Além disso, as commodities, mercadorias com cotação internacional, agrícolas e minerais são praticamente os únicos produtos exportados pelo Brasil e, por serem demandados por países em desenvolvimento,representam uma enxurrada de dólares.
Bovespa
As ações ligadas a esses itens foram as que mais contribuíram para a alta de 0,42% do Ibovespa, índice da BM que mostra a movimentação dos principais papéis negociados. Os ativos da mineradora Vale subiram 0,8%, cotados a R$ 51,46 e os da Petrobras avançaram 0,63%, valendo R$ 27,15. O desempenho positivo na bolsa brasileira foi impulsionado pelo aumento do otimismo dos investidores em relação aos problemas das economias europeias. Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York teve alta de 0,3%.
Os ministros das finanças da Zona do Euro vão discutir na próxima semana a opção de elevar a capacidade de empréstimos do fundo de resgate à região. Além disso, ;o resultado da Alcoa também veio bom;, afirmou o analista da corretora SLW Pedro Galdi. A produtora de alumínio inaugurou a temporada de publicação de balanços das empresas norte-americanas.