O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, anunciou ontem uma injeção recorde de recursos no Tesouro norte-americano, que vem pleiteando no Congresso daquele país um aumento do limite para o endividamento público, fixado em R$ 14,3 trilhões. O repasse do Fed chegou a US$ 78,4 bilhões em 2010, um aumento de 65% sobre os US$ 47,4 bilhões transferidos em 2009. O pagamento foi possível porque o BC dos EUA lucrou com as operações de socorro à economia, que está mergulhada em um atoleiro desde o estouro da bolha imobiliária há dois anos.
Os ganhos do Fed vieram, sobretudo, dos negócios vinculados às hipotecas de imóveis, que quase viraram pó depois da quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008. Somente esses ativos garantiram um retorno de US$ 76,2 bilhões no ano passado contra US$ 48,8 bilhões de 2009. Outra contribuição importante veio dos juros dos títulos comprados dos bancos pelo BC norte-americano, uma forma de dar liquidez às principais instituições financeiras do país, entre elas, gigantes como o Citigroup.
Expectativa
No dia em que o Fed divulgou lucro recorde, a Bolsa de Valores de Nova York fechou sem direção clara, com os investidores preocupados com a crise da dívida na Zona do Euro e na expectativa da publicação dos resultados das empresas norte-americanas nos últimos três meses de 2010. O Dow Jones, principal indicador do mercado, caiu 0,32%, para os 11.637 pontos. Na Nasdaq, a bolsa eletrônica, houve incremento de 0,17%.
;A temporada de resultados empresariais está prestes a começar. Acredito que todo o mundo quer ver o desempenho das companhias dos EUA no quarto trimestre;, disse Hugh Johnson, da Hugh Johnson Advisors. ;A segunda coisa é que seguem as inquietações sobre a Europa;, acrescentou.
Recorde e espionagem
A montadora francesa Renault anunciou ontem que bateu em 2010 seu recorde de vendas mundiais. A empresa vendeu 2,6 milhões de veículos, considerando todas as marcas (Renault, Dacia e Samsung Motors), um aumento de 14% em relação a 2009, quando foram comercializados 2,3 milhões de carros. O recorde anterior havia sido em 2005, com 2,5 milhões de automóveis. No mercado francês, saíram das lojas 750 mil unidades, avanço de 6,1% em relação ao ano anterior. Os resultados foram divulgados em meio a uma crise envolvendo espionagem industrial. Três diretores da companhia foram afastados de suas funções na semana passada sob suspeita de terem fornecido informações sobre o carro elétrico, um projeto estratégico da Renault. O fabricante francês apresentou queixa depois de ter visto fotografias e desenhos de dois de seus novos modelos na página de uma revista especializada.