Jornal Correio Braziliense

Economia

Supervalorização do Facebook ressuscita fantasma de quebradeira de empresas

San Francisco (EUA) ; O site de redes sociais Facebook, controlado por Mark Zuckerberg, está despertando receios entre os investidores sobre a formação de uma nova bolha de ativos no setor de internet, semelhante ao que ocorreu no fim dos anos 1990, devido à alta acelerada do valor da empresa. Executivos do banco de investimentos Goldman Sachs deram a seus clientes mais ricos menos de uma semana para decidir se investem U$ 2 milhões cada um para ter um pedaço do site, com valor de mercado avaliado em US$ 50 bilhões. Para um cliente do Goldman, que esperava um documento de 100 páginas sobre o Facebook na última quinta-feira, um dia antes do prazo para a decisão sobre o investimento, o cenário ;lembra um pouco 1999;.

Graças à última injeção de recursos do Goldman Sachs no site, de cerca de US$ 450 milhões, com o compromisso de se levantar outro US$ 1,5 bilhão, o Facebook se tornou centro do debate sobre se as novas empresas da internet são capazes de gerar lucro suficiente para justificar as expectativas implacáveis de Wall Street. ;Parece um pouco irracional algumas dessas transações, alguns desses valores, principalmente porque as informações sobre a situação financeira dessas companhias são mínimas;, disse Robert Ackerman, fundador da empresa de investimento de risco Allegis Capital. ;Talvez com o Facebook isso se justifique. Mas e com as outras empresas que vão acompanhar a onda do Facebook?;, indagou.

Twitter e Groupon, esta última oferece serviço de compras coletivas e é considerada por alguns analistas como a empresa de crescimento mais rápido da história da internet, também estão considerando planos para ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) antes do potencial IPO do Facebook esperado para o fim de 2012. Enquanto isso, a LinkedIn não está perdendo tempo. A rede social para profissionais, com 85 por milhões de usuários, contratou bancos para abrir o seu capital ainda neste ano.

Para o Facebook, que a Bloomberg estima ter faturado US$ 2 bilhões ano passado, o valor de mercado de US$ 50 bilhões significa que os investidores estão concedendo um prêmio com múltiplo de 25 vezes o faturamento, ante relações de nove vezes do Google e de 2,5 vezes da Amazon.com. Nos primeiros nove meses de 2010, o Facebook teve receita de US$ 1,2 bilhão e lucro líquido de US$ 355 milhões, segundo dados não auditados divulgados pelo Goldman Sachs a seus clientes.

O Facebook gera U$ 4 por usuário, ante US$ 24 do Google e US$ 8 do Yahoo, conforme relatório recente do Banco JPMorgan. ;Esses números fazem o Facebook parecer ser caro aos olhos de poupadores que medem investimentos por meio de padrões financeiros tradicionais;, afirmou Ken Sawyer, diretor da empresa de capital de risco Saints Capital, que detém ações do Facebook. A seu ver, o os investidores terão de olhar para além dos retornos financeiros passados do site para se concentrarem no potencial de transformação de negócios da companhia. ;Depende de sua visão de mundo. Se você acredita que a capacidade de crescimento do mercado de redes sociais mudará a maneira como as empresas conseguem clientes, então o valor de mercado do Facebook é barato;, destacou.

Espionagem chinesa
Paris (França) ; A espionagem industrial, que teve como vítima nesta semana a montadora francesa Renault, pode ter por trás do crime interesses chinês. Segundo suspeitas, três diretores acusados de revelar segredos industriais da empresa teriam sido contratados para repassar informações privilegiadas a grupos da China. O escândalo, que esbarrou no brasileiro Carlos Ghosn, presidente da montadora, tomou conta da França e mobiliza até as mais altas esferas do governo, que ainda detém 15% do capital da companhia.

A Direção Central dos Serviços de Inteligência Interior (DCRI) ainda não se ocupa oficialmente do caso, mas pode entrar a ;qualquer momento;, disse ontem um de seus responsáveis. Mas a contraespionagem paira sobre o caso. Os serviços secretos franceses privilegiam a pista chinesa. ;A Renault suspeita de que há um envolvimento chinês, segundo várias fontes internas;, publicou o jornal Le Figaro. ;Os serviços secretos franceses, que levam o assunto muito a sério, começaram uma investigação que também segue a pista chinesa;, acrescentou a publicação.

Oficialmente, porém, a Renault se negou a fazer qualquer comentário sobre o caso. Mas o deputado do partido governista UMP Bernard Carayon, especialista em questões de inteligência econômica, reforçou as suspeitas de envolvimento chinês no tema. ;As suspeitas se dirigem efetivamente nesta direção;, afirmou.

O governo francês qualificou ontem o caso como espionagem. A Renault atribuiu a suspensão de seus três diretores à necessidade de ;proteger, sem demora, os ativos estratégicos, intelectuais e tecnológicos da empresa;. Segundo fontes, um dos suspensos faz parte do comitê de direção da Renault e outro trabalha no programa de veículos elétricos. A Renault e seu aliado japonês Nissan já investiram 4 bilhões de euros no desenvolvimento desse modelo, que deve ser comercializado na metade deste ano em duas versões: o veículo familiar Fluence e o utilitário Kangoo Express. A série de veículos elétricos é o principal programa do construtor, e contará com outros dois modelos: o pequeno veículo Twizy e o carro Zoe, que devem ser comercializados no segundo semestre deste ano e na metade de 2012.