Os 15 milhões de empregos gerados durante os oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva não foram suficientes para acabar com um velho mal da economia brasileira: a alta taxa de desemprego entre os jovens.
Até novembro deste ano ; último mês cujos dados sobre o desemprego foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ; a taxa de desocupação nas principais regiões metropolitanas entre pessoas de 18 a 24 anos era de 12,5%. Na faixa etária de 25 a 49 anos a taxa de desemprego caiu para 4,7%, o que significa tecnicamente situação de pleno emprego. Mas, antes do governo Lula, o quadro do desemprego era grave. Em janeiro de 2003, Lula assumiu a Presidência da República, a taxa de desemprego nas principais regiões metropolitanas do país era de 20,8%.
Para o chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, Marcelo Néri, a pouca experiência do jovem é um fator determinante para a falta de oportunidades no mercado de trabalho. ;Esses jovens estão dispostos a trabalhar mas não conseguem se inserir porque não têm experiência;, disse.
A mesma opinião tem o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Segundo ele, o crescimento na oferta de postos de trabalho não é suficiente para superar esse pré-requisito. ;Os jovens continuam tendo problema, tanto aqui quanto no mundo todo, na medida em que os postos de trabalho exigem experiência profissional que os jovens não tem;, afirmou.
A solução para o problema pode estar na qualificação profissional. Em alguns setores, como a construção civil, há vagas de emprego, mas falta mão de obra qualificada. Na opinião de Néri, a oferta de cursos de qualificação tem aumentado e os jovens podem responder mais rápido à procura por profissionais qualificados. ;É um processo, mas acho que no caso dos jovens vai ser algo mais rápido. Os jovens são uma janela para essas mudanças na economia, que entram por meio deles. A vida deles pode mudar rapidamente se eles fizerem o dever de casa;, afirmou.
Para Ganz Lúcio, a principal medida para resolver a questão da qualificação de mão de obra é aumentar a oferta da educação técnica. ;Acho que essa é a resposta estruturante, a principal resposta que o governo procura implementar e que eu acredito que o governo está no caminho correto. Oferecer educação técnica de qualidade;, disse.
Ainda de acordo com ele, a aposta na formação como estratégia para atender ao mercado e resolver problemas como o desemprego entre os jovens ainda carece de planejamento. ;Falta uma articulação da oferta de formação profissional feito no âmbito de vários ministérios. De tal forma que essa oferta estivesse articulada por dentro desse sistema de educação, seja o sistema S [Sesi, Senai e Senac], sejam as escolas técnicas para que ela fosse também ofertante de educação profissional;, afirmou.