Conseguir viajar de avião neste Natal poderá se transformar numa façanha. Ontem, em reunião entre representantes dos trabalhadores do setor com o sindicato patronal para tratar do reajuste dos salários, as negociações não avançaram. Diante do impasse, a categoria promete entrar em greve a partir da próxima quinta-feira, 23 de dezembro. A paralisação precisa ser aprovada em assembleia da marcada para as 14h de hoje, no Rio de Janeiro. Aeronautas e aeroviários reivindicam uma correção de 30% no salário e nos benefícios para quem ganha o piso. Para os que ganham acima disso, os percentuais reivindicados são menores: 15% para os aeronautas e 13% para os aeroviários.
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) se diz disposto a conceder apenas a correção inflacionária do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 6,08%. Até o fechamento desta edição, os sindicalistas estavam reunidos para debater o resultado do encontro com os patrões.
A disputa entre empresas e empregados é apenas mais um ingrediente em um setor considerado um dos principais gargalos nacionais. Em audiência pública conjunta das comissões de Defesa do Consumidor (CDC) e de Viação e Transporte (CVT) da Câmara federal, os deputados compararam a situação atual de caos iminente com o que ocorreu no fim de 2007. O deputado Claudio Cajado (DEM-BA) mostrou-se frustrado. No entendimento dele, as empresas simplesmente se colocaram à parte do problema, como se não tivessem a responsabilidade de fazer contingenciamento.
Risco de apagão
O deputado defende ainda que a Anac deveria tomar as providências de multar, suspender e exigir os planos com mais consistência. ;Estamos no último dia de sessões das comissões temáticas e o que precisamos fazer é levantar os pontos e preparar um relatório sucinto sobre as medidas que deverão ser adotadas na próxima legislatura. Espero que continuem esse debate sob um ponto de vista exigente;, disse Cajado.
;Os riscos de um novo apagão aéreo até o fim do ano são consideráveis;, alertou Jonas Okawara, analista da consultoria Lafis. O raciocínio do especialista toma por base as diversas pressões que ocorrem, ao mesmo tempo, sobre o setor de aviação civil brasileiro. Um dos gargalos mais graves é a escassez de mão de obra qualificada, que vai dos controladores de voo aos pilotos, de maneira a envolver tanto os profissionais do setor público quanto os do privado. Além disso, lideranças sindicais do setor acusam a extrapolação da carga horária para os trabalhadores do setor.
ATRASOS NOS VOOS
O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros chegou a 25,9% até as 18h de ontem, conforme dados de um boletim divulgado pela Infraero. Em Brasília, o percentual ficou acima da média: 31,9%. A exemplo do ocorrido no último 6 de dezembro, os passageiros que saíram do Rio de Janeiro foram os que mais sofreram com os transtornos. No Aeroporto do Galeão (RJ), os atrasos passaram de 40%. Os terminais paulistas também tiveram problemas: em Guarulhos, o índice chegou a 32% e em Congonhas, a 29%.