Paris - A economia brasileira vive um ciclo de crescimento nos próximos dois anos, apesar dos vaivéns, mais é "vulnerável" a uma desaceleração da China e dos países ricos, anunciou a OCDE em informe divulgado nesta quinta-feira (18/11).
"A economia brasileira está num ritmo notoriamente mais lento, depois dos altos índices de crescimento observados no começo do ano", mas "a expectativa é de que volte a subir, na medida em que o aumento da receita e a forte expansão do crédito apoiem o consumo privado", sustentou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), em informe "Perspectivas Econômicas".
Segundo as previsões, após uma desaceleração momentânea a partir do segundo trimestre deste ano, o PIB do Brasil deverá registrar em 2010 um aumento de 7,5%, sustentado pelo forte consumo interno.
A economia brasileira deverá continuar registrando uma forte expansão nos próximos dois anos, mas o país poderá enfrentar uma inflação maior do que o previsto, diz a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no relatório.
O documento lembra que "o consumo do setor público disparou antes da eleição presidencial" da qual saiu vitoriosa Dilma Rousseff, apoiada pelo presidente de esquerda Luiz Inacio Lula da Silva.
O documento aconselha, nesse contexto, "retirar assim que possível as medidas de reativação orçamentária", para conter os riscos de inflação.
O informe estima, além disso, que "a economia brasileira prossegue vulnerável ao abrandamento do crescimento na China e (dos países da) OCDE e das variações do apetite pelo risco em escala global", expondo-se à volatilidade em curto prazo e a mudanças" do estado de ânimo dos investidores.
Também faz referência ao recente êxito da ampliação do capital da Petrobras, que permitiu à empresa controlada pelo Estado captar US$ 67 bilhões.
"Isto aumentou a pressão sobre o câmbio, mas também ajudou a financiar o crescente déficit fiscal" do país, aponta.
A OCDE questiona, além disso, a eficácia das medidas tomadas pelo Brasil para reduzir a exposição, como o aumento, em duas ocasiões, em até 6%, do Imposto sobre as Operações Financeiras (IOF).
"As intervenções e os impostos relacionados ao fluxo de capital, para limitar a valorização cambial podem tornar-se ineficazes e caros num contexto de maior equilíbrio cambial, devido às descobertas de petróleo", diz.
Segundo a organização, o lançamento de grandes projetos de infraestrutura deve contribuir para estimular novamente as taxas de crescimento do país nos próximos anos.
A OCDE, que reúne a maioria dos países considerados desenvolvidos, afirma que a retomada do crescimento econômico mundial continua, mas em um ritmo mais lento no curto prazo.