Buenos Aires - As economias do Brasil e da Argentina vivem um momento histórico, marcado por um crescimento entre 7% a 9%, pela queda na taxa de desemprego e redução da pobreza e da indigência. Além disso, os dois países têm consumo vigoroso, acumularam reservas internacionais e são vistos pelo mundo como uma região propícia a receber investimentos.
O balanço foi feito ontem pela ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, durante encontro que reuniu, na embaixada brasileira em Buenos Aires, empresários dos dois países para a troca de experiência e análises sobre a atual perspectiva de investimentos bilaterais.
A ministra acredita que o bom momento vivido pelos dois países não é uma casualidade, mas resultado de mudanças de conceitos econômicos promovidas pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Cristina Kirchner. Débora Giorgi disse que essas mudanças envolveram a radical alteração da cultura da especulação financeira e a definição da integração produtiva das economias brasileira e argentina como prioridade. Essa visão, segundo a ministra, permitiu que a relação bilateral buscasse um projeto que incentivasse a produção e o trabalho, na busca da inclusão social e da igualdade das oportunidades.
Ela lembrou-se de encontro entre Lula e Cristina ocorrido logo no início da pior crise financeira vivida pelo mundo nos últimos 80 anos. ;O mundo estava caindo aos pedaços, havia corte de investimentos e a queda do comércio estava afetando as economias do Brasil e da Argentina;, destacou Débora Giorgi.
Segundo a ministra, Lula e Cristina Kirchner buscaram uma estratégia para ser aplicada dentro de seus respectivos países que mantivesse os mercados internos ;tonificados; e voltasse a dinamizar o comércio. Débora Giorgi ressaltou que, naquele momento de crise, Lula lembrou à Cristina Kirchner visita que tinha feito a uma pequena fábrica do Nordeste. Os operários informaram ao presidente que devido ao medo de perder o emprego não estavam mais gastando dinheiro em compras.
De acordo com a ministra, Lula ;respondeu aos operários que, se eles continuassem sem consumir, esse seria um caminho para o desemprego;. ;Claramente, nessa definição, o presidente Lula captava o que havia sido posto em marcha na Argentina para atravessar a crise financeira de forma privilegiada. Ou seja, ver em cada trabalhador um consumidor em potencial, que permitiria a manutenção das fábricas e o comércio aberto, mantendo um aparato produtivo em funcionamento mesmo naquele contexto internacional adverso;, acrescentou.
Hoje, segundo a ministra argentina da Indústria, o Brasil e a Argentina têm um fluxo de comércio que, neste ano, estará entre US$ 33 bilhões e US$ 34 bilhões. ;Bateremos o recorde registrado em 2008, de US$ 31 bilhões, mas com algo muito interessante: 80% do comércio são feitos entre as nossas indústrias. O resultado disso é uma boa performance dos investimentos brasileiros na Argentina. Para o biênio 2009-1010, os anúncios de investimentos de empresas brasileiras chegam a US$ 5 bilhões.;
Débora Giorgi afirmou que a integração produtiva entre o Brasil e a Argentina significa, também, aproveitar os benefícios do comércio bilateral proporcionado pela união aduaneira do Mercosul. ;Isso poderá compensar as contas pendentes que ainda temos na distribuição dos benefícios que uma mesma união aduaneira implica;, disse. ;Hoje, estamos preparados para a livre circulação de bens, a eliminação da dupla cobrança de impostos e o código aduaneiro do Mercosul, benefícios que levamos muitos anos para alcançar;.