Comércio é saída
A guerra cambial é uma preocupação crescente entre os vizinhos do Brasil, que também sofrem os efeitos da valorização de suas moedas. Em entrevista ao Correio, o ministro do Comércio Exterior e Turismo do Peru, Eduardo Ferreyros, revela que, diante do cenário de perda da competitividade das exportações na região, o país andino preocupou-se em proteger-se na hora de fechar tratados de livre-comércio (TLCs) ; especialmente, das importações vindas da China. Mas diz que agora colhe bons frutos desses acordos. E ressalta que os investidores brasileiros em território peruano também podem se beneficiar dos TLCs.
O Peru propôs uma cúpula para o próximo ano para aproximar a China e a América Latina. Muitos analistas dizem que a atual taxa de câmbio da moeda chinesa, o iuan, prejudica os negócios latino-americanos. Qual é a sua avaliação?
Nossas moedas nacionais ganharam um valor maior frente ao dólar, o que faz com que as exportações dos países da América Latina percam competitividade. O que ganha competividade são as importações. Os países estão tomando medidas para amenizar o impacto negativo da valorização de suas moedas na região. É certo que há um tipo de pressão, principalmente dos EUA, para que a China valorize o iuan. No caso do Peru, do sol peruano, a reavaliação frente ao dólar não foi um processo dramático. O Banco Central de Reserva e o Ministério da Economia fizeram um bom trabalho em evitar a volatilidade, os câmbios bruscos do valor da moeda. Com relação ao comércio do Peru com a China, o TLC, independentemente do problema com o câmbio, está demonstrando importantes resultados para nossas exportações, principalmente agrícolas.
Então o senhor acha que os países latino-americanos estariam de acordo com reunião de cúpula entre as duas regiões? O Brasil já confirmou sua presença?
Tenho a informação de que sim. Mas devo reconhecer que alguns países podem ver dificuldades no comércio com a China. Nós tivemos essa preocupação em certo momento. No processo de negociação com a China,tivemos a preocupação com a eliminação alfandegária sobre alguns produtos industriais (chineses), como o setor têxtil e de calçados, por exemplo, que passariam a entrar livremente e prejudicar nossa indústria nacional. Então tratamos de excluir do acordo com a China cerca de 592 produtos, basicamente, do setor têxtil e de calçados. Também fizemos o Acordo de Cooperação Aduaneira com a China para um intercâmbio rápido de informação, a fim de evitar práticas ilegais ou desleais de comércio. Antes do acordo, era muito difícil conseguir informação sobre esses temas, inclusive para demonstrar os casos de dumping.
Os senhores esperam que o Brasil aproveite os TLCs que o Peru tem assinados com Canadá, EUA,União Europeia,China, Singapura e Coreia?
Esses acordos nos apresentam como uma oportunidade para os empresários da região, em particular do Brasil, para que se instalem no Peru e produzam bens para serem exportados a outros países, porque, se saem do Peru, não pagarão impostos alfandegários. E também consideramos que é importante a possibilidade de o Brasil ter acesso à costa do Pacífico pelos portos peruanos, passando pela Interoceânica. Temos que trabalhar nessa aliança estratégica de integração.
Portugal pode abandonar o euro
O fracasso em obter uma ampla coalizão para enfrentar a crise financeira poderá forçar Portugal a abandonar o euro, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Luís Amado, em entrevista publicada neste sábado no semanário Expresso. O ministro conclamou a oposição e o governo a se unirem para lidar com uma ;situação extrema;.
Portugal assistiu impotente à perda acentuada da confiança dos investidores nas últimas semanas, em meio a crescentes preocupações com a frágil situação do orçamento da Irlanda, o que acabou empurrando os prêmios de risco do país aos níveis mais altos desde a adoção do euro.
;O país precisa de uma grande coalizão, que nos permita superar a situação atual;, disse Amado à publicação semanal. ;Acredito que os partidos (políticos) compreendem que a alternativa para a situação que enfrentamos é, eventualmente, sair do euro;, ponderou.
Grande parte da preocupação com os esforços de Portugal para reduzir o seu deficit orçamentário decorre de dúvidas sobre se a oposição social-democrata iria apoiar o plano austero de orçamento de 2011. O governo socialista não tem maioria no parlamento e precisa do aval da oposição para aprovar as medidas.
Analistas já duvidam que os socialistas consigam se manter no governo até o fim de seu mandato que termina em 2013 ; especialmente, agora que os social-democratas lideram as pesquisas de opinião. A Constituição portuguesa permite eleições antecipadas, mas elas não podem ser realizadas antes de maio.