A empresa de auditoria KPMG e o Banco Fator, que deram aval ao balanço do PanAmericano, também entraram na mira das investigações que apuram os responsáveis pelo rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição do empresário Silvio Santos. A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, convidará os dois ;avalistas; para prestarem esclarecimentos, já que o banco estatal saiu com sua imagem manchada da operação e, por pouco, não se viu também responsabilizado pelas fraudes. A despeito do transtorno, ontem a Caixa identificou pelo menos cinco instituições financeiras interessadas em adquirir os 51% do PanAmericano ainda pertencentes ao criador do Baú da Felicidade.
A KPMG e o Banco Fator foram contratados pela Caixa para avaliar a contabilidade do Banco PanAmericano, cujos ativos estavam sendo colocados à venda em 2009. Como os relatórios não acusaram nenhum problema com a instituição financeira, a negociação foi efetivada. A Caixa comprou 49% do controle em dezembro do ano passado. Mas caso seja constatada a possibilidade de conluio entre os analistas e os diretores do PanAmericano com o objetivo de encobrir as irregularidades na instituição, os representantes da KPMG e do Fator também poderão ser convocados a depor.
Se a suspeita se confirmar, a auditoria e o banco contratados pela Caixa poderão responder solidariamente, no Judiciário, como os responsáveis pelo rombo. O Correio entrou em contato com a Caixa para saber detalhes do encontro entre os dirigentes da estatal e dos consultores, mas não obteve sucesso. A partir da próxima semana, quando os órgãos de investigação receberem os documentos do BC, deverão ter início os primeiros depoimentos na esfera criminal. Na quinta-feira, em audiência na Câmara dos Deputados, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, isentou a Caixa de responsabilidade no caso. A seu ver, o banco estatal comprou participação no PanAmericano sem saber da maquiagem contábil. Além disso, a operação ocorreu após as práticas ilícitas.
QUEDA DAS AÇÕES
As ações do Banco PanAmericano fecharam ontem com desvalorização de 4,61%, cotadas a R$ 4,76, apesar de pequenas elevações durante o dia. Apenas nesta semana, depois dos escândalos que revelaram um patrimônio líquido negativo de R$ 900 milhões, a empresa perdeu 37,29% do seu valor de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF). No ano, as ações da instituição caíram 54,16%.
PF também no encalço
Além do Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF) também investiga o Banco PanAmericano por supostos crimes financeiros. A denúncia foi apresentada ontem, pelo Banco Central, depois de colocar uma lupa sobre o braço financeiro do grupo do empresário Silvio Santos. O objetivo da ampliação das apurações é descobrir quem são os culpados pelo rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição.
Os procuradores da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo e Anamara Osório Silva vão acompanhar a fiscalização ainda a ser realizada pela autoridade monetária e serão os responsáveis pela investigação no MPF. A Polícia Federal informou que o inquérito foi aberto com base no fato relevante publicado pelo próprio PanAmericano e na nota à imprensa divulgada pelo BC.
Delitos
O Correio entrou em contato com o Ministério Público para obter mais detalhes sobre o caso, mas foi informado de que a investigação prévia, realizada pelo BC, ainda não chegou aos procuradores. Contudo, as informações sobre os possíveis delitos já são do conhecimento do MPF. Os responsáveis pelo caso preferiram não se pronunciar.
Nesta semana, o PanAmericano precisou ser socorrido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O empresário Silvio Santos, depois de ver seu nome envolvido em fraudes financeiras que deixaram um rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição, apresentou todo os seus bens como garantia e pegou um empréstimo, no valor do rombo. O dinheiro foi injetado no banco. (VM)