A Petrobras divulgou ontem lucro líquido de R$ 8,566 bilhões no terceiro trimestre do ano, resultado 3% acima dos R$ 8,295 bilhões registrados entre abril e junho. Na comparação com o mesmo período de 2009, ele subiu 7,88%. Apesar de ter ficado abaixo dos R$ 9 bilhões estimados pelos analistas, o desempenho foi considerado positivo pelo analista Felipe Chad, sócio da DX Investimentos. ;Ele está perto do esperado, pois o aumento do preço do petróleo ajudou;, afirmou. A cotação média do barril do petróleo no mercado externo teve um salto de 35%, passando de US$ 57,15 para US$ 77,13, conforme dados apresentados pela companhia.
A receita operacional líquida da petrolífera cresceu 2% entre o segundo e o terceiro trimestres, chegando a R$ 54,739 bilhões. Já em relação ao mesmo período de 2009, saltou 14%. De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da estatal, Almir Guilherme Barbassa, o avanço foi sustentado pelo aquecimento do mercado interno. As vendas de óleo diesel da empresa avançaram 10% de janeiro a setembro, enquanto as de gasolina, 18%, e as de gás natural, 28%. ;O consumo de gás no país cresceu 48% no ano, especialmente devido ao aumento do uso das termelétricas. As vendas têm recuperado a queda da demanda de 2008 e agora batem novos recordes;, afirmou.
;A valorização do real foi de 6% entre os dois trimestres e gerou um ganho de R$ 2,5 bilhões para a empresa;, informou Barbassa a jornalistas após o fechamento dos mercados. ;Isso contribuiu para reduzir a dívida líquida e também para melhorar o resultado.; Na opinião do executivo, outro fator que colaborou para a saúde financeira da estatal foi a contabilização da capitalização realizada no fim de setembro, de R$ 120 bilhões, e que custou aos cofres da estatal R$ 357 milhões.
Endividamento
Segundo Barbassa, com o aumento de capital, a companhia conseguiu reduzir o grau de endividamento sobre o patrimônio líquido de 34% para 16%. ;Essa redução abre espaço para buscar mais financiamentos, que irão viabilizar novos investimentos;, disse. Ele acrescentou que a estatal aumentou em 11% a aplicação de recursos no ano, para R$ 56,5 bilhões, visando principalmente ampliar a capacidade de produção de petróleo.
O executivo deu destaque para o pré-sal, responsável por boa parcela dos gastos. ;Já iniciamos a produção da plataforma piloto no pré-sal e estamos com oito sondas naquela região;, comentou, lembrando que as reservas nas camadas ultraprofundas da Bacia de Santos podem chegar a 20 bilhões de barris.
Os papéis da Petrobras fecharam ontem em queda na Bolsa de Valores de São Paulo (BM). As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 1,47%, para R$ 29,50. Já as preferenciais (com prioridade no recebimento dos lucros) despencaram 1,51%, para R$ 26,72. No acumulado do ano até setembro, os ativos da maior empresa brasileira e quarta petrolífera do mundo desvalorizaram 27,45% e 25,17%, respectivamente.
OITO PLATAFORMAS
Por meio das controladas Tupi-BV e Guará-BV, a Petrobras assinou ontem com a Engevix Engenharia dois contratos no valor total de US$ 3,46 bilhões para a construção de oito navios-plataformas, destinados à primeira fase da produção de petróleo da camada pré-sal na Bacia de Santos. Eles serão feitos no pólo naval de Rio Grande (RS), com índice de nacionalização de 70%. As duas primeiras unidades deverão ser entregues em 2013 ; as demais, em 2014 e 2015. Elas terão capacidade para processar até 150 mil barris diários de óleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás.