Jornal Correio Braziliense

Economia

Câmbio deverá pressionar a economia, diz presidente do BNDES

Rio de Janeiro - A economia deverá sofrer pressões motivadas pelos desajustes cambiais internacionais. A análise é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Ele participou nesta quarta-feira (10) da abertura da edição especial do Fórum Nacional, Manifesto por um Brasil Desenvolvido, que ocorre na sede do banco, no centro da cidade. %u201CExiste um processo de relaxamento monetário nos Estados Unidos, com injeção de US$ 600 bilhões nos próximos meses, inundando o mercado mundial de liquidez. Isso tende a pressionar as moedas flutuantes, especialmente nos países onde existem a perspectiva de crescimento econômico e condições de atração de capitais. Isso exerce naturalmente pressão forte sobre o real%u201D, afirmou. Segundo Coutinho, a chave para o crescimento está no investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento. %u201CA grande deficiência está na insuficiência do esforço do setor privado. O Brasil vem melhorando, mas precisa acelerar, pois os objetivos são ambiciosos. Um engajamento amplo do setor privado leva a um salto em matéria de inovação%u201D, disse o presidente do BNDES, citando áreas estratégicas onde o país pode ter grandes vantagens competitivas, como desenvolvimento de software e biocombustíveis. O ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan participou do fórum e também demonstrou preocupação com as divergências internacionais no câmbio, que podem afetar negativamente a economia brasileira, especialmente o segmento exportador. %u201CGuerra cambial é uma assunto grave, que afeta principalmente alguns segmentos de produção maciça de produtos industrializados. As commodities estão tendo uma defesa natural pelo aumento da demanda, com o crescimento do preço. No caso dos industrializados, como eletroeletrônicos, confecções e calçados, acabam sendo vitimados, porque a competição torna-se desleal%u201D, afirmou Furlan. %u201CNo caso dos eletroeletrônicos, especialmente os eletroportáteis, a indústria brasileira tende a desaparecer%u201D, alertou. Perguntado se poderia participar na montagem do novo governo, Furlan afirmou que a possibilidade não estava em seus planos. %u201CEu considero muito prazerosa minha passagem pelo governo. Tenho muito boas lembranças e não tenho saudades. Não fui convidado e também não estou disponível%u201D, disse. O Fórum Nacional especial prossegue até esta quinta-feira (11), reunindo lideranças políticas e econômicas, sob a condução do ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.