Jornal Correio Braziliense

Economia

Aumento de preço leva consumo de etanol cair 23% no RJ em setembro

Rio de Janeiro - A elevação do preço do etanol na bomba nos últimos meses já levou a uma queda de 13% no consumo ao longo do ano, segundo informação do Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Rio de Janeiro (Sindicom). Segundo o vice-presidente executivo do Sindicom, Alísio Vaz, somente em setembro a queda chegou a 23%, em relação ao mesmo mês de 2009.

;De janeiro a agosto de 2009, o consumo no estado do Rio foi de 508 milhões de litros do etanol hidratado (usado diretamente no tanque) e agora, no mesmo período de 2010, esse consumo caiu para 365 milhões ; uma retração bastante expressiva de 28%, mas concentrada ainda no início do ano. Comparando agosto de 2009 com agosto de 2010, a queda foi de cerca de 20%, passando de 74 milhões para 59 milhões;, afirmou Vaz.

Ele lembrou à Agência Brasil que este ano os preços do etanol nas usinas começaram a crescer bem antes da entressafra, que começa em meados de novembro. Isso vem causando impacto na venda do produto nos principais postos do estado, uma vez que agora o consumidor (com o carro flex fuel) tem a opção de escolher o melhor e mais vantajoso combustível a ser colocado no tanque de seu veículo.
[SAIBAMAIS]
;O que está se vendo agora acontece todos os anos, a diferença é a intensidade com que esses movimentos de preços ocorrem. Este ano começou mais cedo, ainda não estamos na entressafra e vem ocorrendo com mais intensidade [a alta do preço do álcool] desde o fim de setembro. Desde então, é uma sucessão de aumentos por parte dos produtores e isso vem afugentando o consumidor, que pode escolher abastecer com gasolina;, disse.

De acordo com Vaz, o preço do produto estava estabilizado na faixa de R$ 0,86 e agora em outubro já chegou a R$ 0,98 para as distribuidoras. Dados da Agência Nacional do Petróleo indicam que entre 17 e 23 de outubro o preço do álcool na bomba já estava em R$ 1,81.

;Com a gasolina a R$ 2,61, 60% de diferença no preço dos dois combustíveis, o que teoricamente ainda torna mais vantajoso o álcool para o consumidor, ainda assim a troca pelo combustível fóssil já é uma alternativa concreta;.

Vaz não acredita que a alta de preço do etanol seja decorrência do fato de que os usineiros estariam refinando mais açúcar do que álcool, em razão dos preços favoráveis ao produto no mercado externo.

;Os usineiros têm até essa opção, mas não têm muita flexibilidade nessa alteração, uma vez que as instalações já são dimensionada para o processo dos dois produtos (etanol e açúcar);.

Na avaliação do executivo, porém, há o componente da maior opção do usuário favorável à regulação do mercado. Para ele, o consumidor agora aprendeu a lidar com a ferramenta, que é o seu carro e que permite a troca dos combustíveis em razão do preço maior ou menor de um ou de outro.;Ele [o consumidor] é o fiel da balança, o regulador do mercado, na medida em que pode exercer esse poder;. Ele lembrou que isso já ocorreu entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010, quando o preço caiu a menos da metade.

;Na ocasião, o usuário conseguiu reagir e deixou de consumir o etanol, cujo preço despencou de R$ 1,20 em janeiro para R$ 0,90 em fevereiro nas usinas em plena entressafra. Quem tinha etanol estocado ficou ansioso para vender e não deixar o produto micar;, acrescentou.