Jornal Correio Braziliense

Economia

Veja os problemas que cairão no colo do próximo presidente

Assim como é consensual a avaliação de que a taxa de crescimento deste ano de 7,5% não se sustentará, também é tido como certo, pela maioria dos analistas, que a solução para suavizar os efeitos negativos do avanço do Produto Interno Bruto (PIB) e evitar um voo de galinha está na redução dos gastos públicos. A farra nos últimos dois anos foi tão grande que, nem mesmo com os sucessivos recordes na arrecadação de impostos e tributos federais, o governo tem conseguido fechar as contas. Para apresentar um resultado que convença minimamente a opinião pública, a saída encontrada tem sido maquiar a falta de austeridade fiscal, com o Tesouro Nacional transformando dívidas em receitas, como se viu no processo de capitalização da Petrobras.

;O grande desafio para o próximo governante será reduzir as despesas. Só dessa forma o país criará um círculo virtuoso que começa com a queda dos juros;, afirma Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. O aumento dos gastos foi intensificado após a crise financeira, sob a justificativa de que era necessário estimular a economia. Mas, na análise dos especialistas, o Tesouro Nacional passou dos limites ao injetar capital em bancos e empresas públicos emitindo títulos, débitos que não aparecem na dívida líquida, mas assustam aqueles que se dão ao trabalho de mapear o endividamento bruto do governo, que bateu em R$ 2,05 trilhões. Por isso, todos clamam pela volta da racionalidade no controle das despesas, virtude que tem faltado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a seu subalterno, o secretário do Tesouro, Arno Augustin.

Como a gastança pública pressiona a demanda agregada e gera mais inflação, apesar de Mantega rebater esse preceito básico das escolas de economia, a reversão no ritmo de crescimento das despesas permitiria ao Banco Central reduzir a taxa básica de juros (Selic), de 10,75% ao ano. Com uma Selic mais baixa, o investimento privado seria estimulado, a atratividade ao capital estrangeiro diminuiria e o valor do real em relação ao dólar cairia. ;Não vejo qualquer chance de sucesso na questão econômica, se o próximo presidente não fizer um corajoso ajuste fiscal;, diz Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da Consultoria Tendências. ;Só assim o Brasil realmente dará certo.; (GC)

AS MAZELAS

Veja os problemas que cairão no colo do próximo presidente

Dívida pública bruta (*)

R$ 2,057 trilhões


Gastos com juros da dívida pública (**)

R$ 183,9 bilhões

Endividamento das famílias

R$ 727,9 bilhões

Rombo projetado para as contas externas em 2011

US$ 100 bilhões

(*) Em setembro de 2010
(**) Nos 12 meses em setembro