A fim de ajudar o reequilíbrio da economia global, os países emergentes com saldo positivo na balança comercial deveriam começar seriamente a permitir que suas moedas se valorizem, pediu ontem Fundo Monetário Internacional (FMI). O recado teve como destinatário a China, cuja divisa, o iuan, continua ;significativamente subalorizada; frente ao dólar. O superavit comercial chinês em 2010, embora menor que o de 2009, deve atingir os US$ 180 bilhões. ;Na ausência de políticas visando a eliminação de distorções fundamentais, os desequilíbrios globais continuarão a aumentar, ameaçando as perspectivas de crescimento das economias avançadas e das emergentes;, afirmou o Fundo.
Segundo o organismo, o problema não se repete em economias como a do Japão, da Grã-Bretanha e nos países da Zona do Euro, cujos representantes pedirão, na cúpula do G-20 em novembro, ações sobre o câmbio e fluxos de capitais para evitar um aprofundamento dos desequilíbrios globais. Em carta assinada pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, os integrantes do bloco alegaram que a solução não exige a imposição de metas numéricas de superavit ou deficit em conta corrente, como propôs os Estados Unidos.
Sem sucesso
;Já que os desequilíbrios globais são alimentados por desalinhamentos das taxas de câmbio. Em Seul (sede do próximo encontro do G-20), precisamos encontrar uma posição comum que nos permitirá progredir nas questões cambiais e de fluxo de capital e tomar as ações necessárias;, destacou o documento. ;A esse respeito, temos apresentado uma proposta sobre como enfrentar essas questões de maneira cooperativa, sem ter que adotar metas quantitativas controversas, como as sugeridas pelos EUA.; Os Estados Unidos tentaram, sem sucesso, limitar os desequilíbrios em conta-corrente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), um movimento que forçaria a China a valorizar sua moeda rapidamente.
O ministro de Finanças da Coreia do Sul, Yoon Jeung-hyun, avaliou que os líderes do G-20 devem continuar a discutir sobre o estabelecimento de metas na cúpula de novembro. ;Nós somos neutros na proposta de estabelecer metas de conta corrente;, disse. Líderes da União Europeia estão reunidos desde ontem em Bruxelas para discutir os termos de uma mensagem conjunta a ser enviada à cúpula. Conclusões preliminares mostram que eles devem pedir aos demais países do grupo que não usem a taxa de câmbio para ganhar vantagem competitiva.
Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet gostaria que a mensagem fosse além e incluísse uma referência mais explícita às moedas. Um documento preparado para a reunião mostrou que o BCE propôs que o texto a ser enviado ao G-20 dissesse que a União Europeia quer um sistema financeiro forte e estável e que as taxas de câmbio reflitam os fundamentos econômicos.