Jornal Correio Braziliense

Economia

Inflação deve convergir para o centro da meta, mesmo com alta dos alimentos

Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avalia que, mesmo com aumento dos preços de alimentos, prevalece o entendimento de que a inflação irá convergir para o centro da meta, de 4,5%. A informação consta da ata da última reunião do comitê, em 20 de outubro, quando foi decidido manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,75% ao ano.

A meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguida pelo BC, tem margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O Copom não mexe nos juros básicos quando acredita que o patamar da taxa é suficiente para gerar equilíbrio entre o que se produz, o que se compra e os preços.

Na ata, o comitê afirma que ;a contribuição de alimentos para a inflação plena tem sido elevada, comparativamente ao padrão histórico;, o que ;sugere estar em curso a materialização de riscos de curto prazo que haviam sido identificados e levados em conta no balanço dos riscos avaliado na última reunião do Copom;.

;Ainda assim, neste momento prevalece o entendimento de que a convergência da inflação para o valor central da meta tende a se concretizar;, acrescenta a ata.

Para o Copom, o cenário favorável ao cumprimento da meta de inflação ;se deve ao ajuste da taxa básica implementado desde abril;. ;Também contribui para isso informações que emergiram, desde então, indicando melhora no balanço de riscos para a dinâmica dos preços administrados, bem como a desaceleração da atividade nos dois últimos trimestres, (que) foi mais intensa do que o vislumbrado no início deste ano;.

No âmbito externo, diz a ata, ;permanece elevada a probabilidade de desaceleração, e até mesmo de reversão, do já lento processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 (Estados Unidos, Japão e Europa);. Mas, segundo o Copom, ;a influência do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica revela certo viés desinflacionário;.

O comitê reafirma que ;a política monetária atua com defasagem sobre a atividade e sobre a inflação e que os efeitos do processo de ajuste da taxa básica de juros iniciado em abril de 2010 ainda não se fizeram sentir integralmente;.

A taxa básica iniciou 2010 em 8,75% ao ano, e permaneceu nesse patamar nas reuniões de janeiro e março. Em abril, o Copom decidiu elevar a taxa para 9,50% ao ano. Novas elevações foram feitas em junho (para 10,25% ao ano) e em julho (10,75% ao ano). Nas reuniões de setembro e deste mês, optou-se por manter a taxa em 10,75% ao ano.

;Além disso, cabe destacar que essa hipótese de convergência está condicionada à materialização das trajetórias com as quais o comitê trabalha para variáveis fiscais e creditícias, entre outras;, diz a ata.

Entretanto, o comitê destaca que, se a inflação não convergir para o centro da meta, a taxa básica será ajustada. ;Caso a inflação não convirja tempestivamente para o valor central da meta estabelecida pelo CMN, a política monetária atuará a fim de redirecionar a dinâmica dos preços e, portanto, assegurar que a meta seja atingida;.