Enquanto a Apple ainda não comercializa o iPad de forma oficial no Brasil, sites de vendas da internet se adiantam à chegada do produto e oferecem o equipamento por até R$ 2,8 mil na rede. A intenção é atingir os early adoptions, aqueles consumidores tecnológicos que não aguentam esperar até a chegada de um badalado lançamento no mercado para terem o produto em mãos. Porém a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) alerta que a comercialização desse aparelho está acontecendo de forma ilegal, já que o equipamento ainda não conta com o selo de homologação do órgão.
Na Eletromarket, loja virtual com sede em São Paulo, é possível encontrar o iPad de 16GB de capacidade de armazenamento e com Wi-Fi por R$ 1,6 mil. Já o modelo topo de linha, com 64GB, compatível com sinal wireless e rede de terceira geração (3G), sai por R$ 2,8 mil. Em outra loja, a Informática Vega, o mesmo modelo é comercializado com um diferencial. ;Somos os únicos a fornecer nota fiscal para quem compra iPad no Brasil;, informa a página inicial do site.
Procurada pelo Correio, a Eletromarket informou que os produtos chegam desbloqueados para serem utilizados com chips de qualquer operadora nacional. ;Depois que o cliente confirma a compra pelo site, o aparelho demora de 10 a 15 dias úteis até chegar ao nosso escritório, já que não temos estoque para pronta entrega;, informou uma atendente que se apresentou como Priscila.
Segundo ela, as vendas do produto da Apple têm sido o principal carro-chefe da loja. ;Aproximadamente 100 pedidos são feitos por semana;, calculou, informando que as encomendas são adquiridas nos Estados Unidos. Questionada sobre a ilegalidade de se comercializar esse tipo de equipamento sem a devida comprovação de homologação da Anatel, a atendente se mostrou confusa. ;Ele não é para ser usado como telefone, então, não precisa do selo;, disse.
Na verdade, não é bem assim. De acordo com a agência reguladora, o procedimento é uma garantia de que os produtos eletrônicos que chegam às vitrines são compatíveis com a tecnologia adotada no país e atendem os pré-requisitos técnicos de funcionamento e qualidade. ;Qualquer equipamento que emita radiofrequência precisa passar por um processo de certificação;, garantiu o gerente de Certificação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Itamar Barreto. A loja que insistir em vender os tablets sem a garantia do órgão corre o risco de ter seus equipamentos apreendidos e ainda ser multada em até R$ 3 milhões.
Só em 2011
Apesar de países vizinhos como Chile, Argentina, Colômbia, Peru e Equador comercializarem o iPad desde 17 de setembro, ainda não há previsão de quando o produto chegará ao Brasil. E tão ansiosas quanto os consumidores estão as empresas de telefonia móvel que desejam ter logo o equipamento em mãos para darem início às vendas de chips com seus pacotes de dados de banda larga móvel. Mas a alta demanda mundial pelo leitor digital pode atrasar a estreia do gadget no país.
Uma fonte de uma grande operadora nacional disse que é muito provável que os brasileiros não vejam o tablet de forma oficial por aqui em 2010. ;O que se conversa nos bastidores é que a Apple não está dando conta de atender todos os pedidos e, por isso, vai dar preferência aos principais mercados (EUA e Europa), como já é feito com o iPhone 4;, declarou. ;Se ela trouxer, pode até vir para as suas lojas (Apple Shop). Só depois, provavelmente no próximo ano, é que as operadoras começarão a serem abastecidas. Dessa forma ela até cria uma expectativa maior, o que acaba sendo bom para a marca;, acrescentou. O presidente da companhia, Steve Jobs, disse que de abril até setembro já foram vendidos 7,2 milhões de unidades do aparelho em todo o mundo.
CONCORRENTES À FRENTE
Enquanto o iPad, da Apple, não aterrisa em território nacional, outras fabricantes aproveitam a euforia do mercado para trazer seus leitores digitais. Nesta semana, Samsung, Huawei, Dell e ZTE vão anunciar o lançamento oficial de seus tablets no país. A intenção é ganhar terreno enquanto o produto de Steve Jobs ainda não chega por aqui. Alguns modelos, como o S7, da Huawei, oferecem mais funções que o concorrente mais famoso, já que permite ao usuário fazer ligações por meio de um dispositivo bluetooth.